O Papa Leão XIV aproveitou a sua primeira viagem ao estrangeiro para apelar ao diálogo face aos conflitos mundiais, nomeadamente no Médio Oriente e na Ucrânia.
O Papa Leão XIV encorajou a Turquia a ser uma fonte de estabilidade e de diálogo num mundo marcado por conflitos, ao iniciar a sua primeira viagem papal ao estrangeiro em Ancara, na quinta-feira.
À chegada a Ancara, o Papa norte-americano foi recebido na pista por uma guarda de honra militar e no palácio presidencial pelo presidente Recep Tayyip Erdogan.
Ao dirigir-se a Erdogan e ao corpo diplomático do país numa biblioteca do complexo palaciano, Leão XIV elogiou o papel histórico da Turquia como ponte entre o Oriente e o Ocidente, as religiões e as culturas.
"Que a Turquia seja uma fonte de estabilidade e de aproximação entre os povos, ao serviço de uma paz justa e duradoura", referiu, discursando em frente a um globo gigante. "Hoje, mais do que nunca, precisamos de pessoas que promovam o diálogo e o pratiquem com firmeza e paciência."
"O futuro da humanidade está em jogo"
Ancara foi anfitriã de conversações infrutíferas entre a Rússia e a Ucrânia e também se ofereceu para participar na força de estabilização em Gaza, para ajudar a supervisionar um frágil cessar-fogo.
O Papa não citou os conflitos especificamente, mas citou o seu antecessor, o Papa Francisco, que lamentou que as guerras que assolam o mundo atualmente equivalem a uma "terceira guerra mundial travada de forma fragmentada", com recursos gastos em armamento em vez de serem utilizados para combater a fome e a pobreza e na proteção da criação.
Depois de duas guerras mundiais, "estamos agora a viver uma fase marcada por um nível elevado de conflito a nível global", afirmou. "Não devemos ceder a esta situação. O futuro da humanidade está em jogo."
Leão XIV é o quinto Papa a visitar a Turquia, depois de Paulo VI, João Paulo II, Bento XIV e Francisco. A sua viagem ocorre num período particularmente difícil no Médio Oriente, com um delicado cessar-fogo em Gaza e recentes ataques israelitas em Beirute e no sul do Líbano.
No entanto, o principal motivo da sua viagem à Turquia passa pela comemoração de uma data importante nas relações entre ortodoxos e católicos: o 1700.º aniversário do Concílio de Niceia, o primeiro concílio ecuménico do cristianismo. Em 325 d.C., este concílio redigiu a primeira versão do Credo Niceno, uma declaração de fé que milhões de cristãos ainda recitam todos os domingos.
A visita papal para celebrar o aniversário foi prometida pelo Papa Francisco, que não viveu para assinalar a data.
Na sexta-feira, o Papa vai juntar-se ao patriarca ortodoxo grego Bartolomeu, de Istambul, para comemorar o aniversário, que teve lugar em Iznik, a cerca de 90 quilómetros a sudeste de Istambul.