No Estreito de Gibraltar também se verificou um aumento das tentativas de travessia a nado e das tragédias, com 139 vítimas, das quais 24% são crianças e adolescentes.
Um total de 3.090 pessoas morreram em 2025 quando tentavam chegar à costa espanhola, de acordo com o balanço divulgado esta segunda-feira pelo grupo Caminando Fronteras, que revela um aumento significativo das tragédias na rota argelina para as Ilhas Baleares.
O Caminando Fronteras contabilizou um recorde de mais de 10.000 mortos no mar a caminho de Espanha em 2024, mas os números do ano que agora termina refletem a diminuição das chegadas registadas na rota das Canárias, a mais mortífera.
De acordo com o balanço do Ministério do Interior, até 15 de dezembro, as chegadas irregulares de imigrantes a Espanha diminuíram 40,4% em relação a 2024, com uma queda ainda mais acentuada no caso das Ilhas Canárias, onde foi de 59,9%.
O relatório "Monitorização do Direito à Vida 2025", publicado na segunda-feira, foi encerrado na mesma data, 15 de dezembro, e indica que, das 3.090 mortes, 192 eram mulheres e 437 eram menores.
No total, foram detetadas 303 tragédias, das quais 121 ocorreram entre a Argélia e as Ilhas Baleares, especialmente em direção a Ibiza e Formentera, a rota que registou um maior tráfego de embarcações este ano, superando a rota do Atlântico.
A rota das Canárias, a mais mortífera
No entanto, o grande volume de "cayucos" (barcos ainda mais pequenos que uma canoa) que transitam para as Canárias faz com que essa rota seja a mais expressiva em número de pessoas e, portanto, a mais letal, com 1.906 vítimas contra 1.037 no Mediterrâneo.
Neste caso, apesar da notável diminuição do número de chegadas e de mortes, o grupo Caminando Fronteras alertou para a abertura de uma nova rota a partir da Guiné-Conacri, ainda mais distante e perigosa, e na qual viajam mulheres e menores de idade.
No Estreito de Gibraltar, também se registou um aumento do número de tentativas de travessia a nado, com 139 vítimas, 24% das quais são crianças e adolescentes.
Segundo a coordenadora desta investigação, Helena Maleno, a diminuição do número de mortes não é consequência de uma maior proteção do direito à vida, mas sim uma diminuição estatística, porque os barcos que se afundam na rota argelina são mais pequenos do que os "cayucos" que viajam para as Ilhas Canárias.
O Caminando Fronteras insiste que parte destas tragédias é causada pela "insuficiente ativação dos mecanismos de salvamento e pela externalização do controlo e da gestão das fronteiras para países terceiros, dinâmicas que aumentam a vulnerabilidade e a desproteção das pessoas durante as viagens migratórias".