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Obrigações do Tesouro francês sob pressão após descida de notação da Moody's

Um gestor de fundos olha para ecrãs que mostram as atividades das ações na Bolsa de Valores francesa, num gabinete de análise financeira em Paris, França.
Um gestor de fundos olha para ecrãs que mostram as atividades das ações na Bolsa de Valores francesa, num gabinete de análise financeira em Paris, França. Direitos de autor  Francois Mori/AP
Direitos de autor Francois Mori/AP
De Doloresz Katanich
Publicado a
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O rendimento da dívida francesa a 10 anos subiu para mais de 3%, no primeiro dia de negociação depois de a agência de rating ter cortado inesperadamente a notação da dívida francesa.

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A dívida francesa está de novo a preocupar os investidores, de acordo com o aumento do diferencial de taxas de juro entre as obrigações a 10 anos de França e a referência da zona euro, a Alemanha.

Os custos dos empréstimos de França ultrapassaram os 3,05% na manhã desta segunda-feira, quando as negociações recomeçaram pela primeira vez depois de uma das maiores agências de notação de crédito, a Moody's, ter baixado a notação do país numa ação inesperada no sábado.

A nova notação de risco de longo prazo de França passou a ser Aa3, um degrau abaixo da anterior Aa2, e a agência alterou a perspetiva do país de negativa para estável. Esta categoria coincide com a que já tinha sido atribuída a França pelas duas outras principais agências de notação.

A Moody's decidiu baixar a notação da dívida francesa porque "as finanças públicas do país ficarão substancialmente enfraquecidas nos próximos anos", uma vez que "é mais provável que a fragmentação política impeça uma consolidação orçamental significativa", afirmou a agência no seu comunicado.

Agitação política em França

Na sexta-feira, o presidente francês Emmanuel Macron nomeou o quarto primeiro-ministro do país este ano. O centrista François Bayrou sucede a Michel Barnier no cargo, que se demitiu depois de o seu orçamento de contenção lhe ter valido, a ele e ao seu governo, uma moção de censura da Assembleia Nacional, mais de uma semana antes.

O novo governo francês tem a tarefa urgente de garantir que o país tenha um orçamento válido para o próximo ano.

"Esperamos que o governo recém-nomeado faça aprovar uma lei especial que garanta a continuidade da administração pública em 2025", afirmou a Moody's no seu comunicado.

O governo cessante teve a difícil tarefa de apertar o cinto económico, uma vez que França está a braços com um défice que deverá ultrapassar 6% do PIB em 2024 e uma dívida crescente, um recorde de 3.228 biliões de euros, que ascende a 112% do PIB, muito acima do limite de 60% estabelecido pelas regras da UE.

O ministro francês da Economia, Antoine Armand, reagiu à decisão no X, afirmando que "a Moody's anunciou a alteração da notação da França para Aa3, destacando os recentes desenvolvimentos parlamentares e a atual incerteza que deles resulta no que respeita à melhoria das nossas finanças públicas. Tomo nota deste facto. A nomeação do primeiro-ministro François Bayrou e a vontade reafirmada de reduzir o défice constituem uma resposta explícita".

O novo governo tem pela frente a enorme tarefa de colocar a dívida e o défice numa trajetória sustentável. De acordo com a agência de notação de crédito: "Olhando para o futuro, existe agora uma probabilidade muito baixa de que o próximo governo reduza de forma sustentável a dimensão dos défices orçamentais para além do próximo ano."

Consequentemente, a Moody's prevê que as finanças públicas francesas permaneçam mais débeis do que o previsto durante mais três anos.

As perspetivas sombrias provocaram um aumento da pressão sobre as obrigações do Estado francês na manhã desta segunda-feira, empurrando os custos dos empréstimos a 10 anos para além dos 3%, tornando cada vez mais caro o financiamento da dívida do país. O diferencial entre as obrigações a 10 anos de Alemanha e de França, a referência da zona euro, aumentou para mais de 80 pontos de base.

Os elevados rendimentos das obrigações a 10 anos fizeram com que os custos do serviço da dívida da França fossem mais elevados (e considerados mais arriscados pelos investidores) do que os de Portugal, Eslovénia ou Croácia no início da tarde desta segunda-feira.

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