O regresso do maior credor ao Euro Stoxx 50, ao fim de sete anos, marca uma recuperação simbólica para os bancos europeus, à medida que os gigantes Stellantis, Nokia e Pernod Ricard, atingidos pelas tarifas aduaneiras, são forçados a sair.
O Deutsche Bank deverá voltar a integrar o Euro Stoxx 50 após sete anos de ausência, marcando um regresso simbólico do maior banco alemão, cujas ações mais do que duplicaram no último ano.
O regresso do banco alemão ocorre num momento crucial para o sector financeiro europeu, há muito sobrecarregado por margens reduzidas e uma regulamentação pesada.
A sua promoção para o índice, que reúne as maiores e mais transaccionadas empresas da zona euro, sugere que os investidores vêem os credores do continente como mais estáveis e mais rentáveis, um desenvolvimento que poderá ajudar a elevar o sentimento do mercado e a economia europeia em geral.
A mudança afasta as empresas pressionadas pelas políticas comerciais dos EUA a favor das que são consideradas mais resistentes na atual conjuntura.
Empresas expostas a tarifas perdem lugares no índice
A Nokia, a Stellantis e a Pernod Ricard serão retiradas do Euro Stoxx 50 e substituídas pelo Deutsche Bank, pela Siemens Energy e pela Argenx a 22 de setembro.
A Nokia, agora centrada em equipamentos de redes de telecomunicações, como as infraestruturas 5G, em vez de aparelhos telefónicos, viu as suas operações nos EUA serem espremidas por custos de importação mais elevados e pela crescente concorrência de rivais como a Ericsson e a Huawei.
A Stellantis, fabricante das marcas Jeep, Peugeot e Fiat, foi a mais atingida, alertando para as perdas de milhares de milhões resultantes das novas taxas americanas sobre os automóveis e componentes europeus - um golpe agravado pelos cortes nas fábricas e despedimentos na América do Norte.
A Pernod Ricard, o grupo francês de bebidas responsável pela vodka Absolut e pelo whisky Chivas Regal, também se viu confrontada com impostos adicionais sobre as bebidas espirituosas de primeira qualidade, o que afetou as vendas num dos seus mercados mais importantes.
Os prejuízos refletiram-se nas cotações das ações, com a Stellantis a cair 46% este ano, a Pernod cerca de 24% e a Nokia 7%, à medida que os direitos aduaneiros e a diminuição da procura afetam as receitas.
A saída destas empresas do Euro Stoxx 50 evidencia não só o seu fraco desempenho individual, mas também uma mudança mais ampla do mercado, com os exportadores expostos aos direitos aduaneiros a caírem em desgraça junto dos investidores, que se voltam para empresas consideradas mais resistentes.
Os analistas esperam que o Euro Stoxx 50 suba cerca de 6% até ao final do ano, argumentando que os riscos pautais e as potenciais pressões sobre os preços já foram tidos em conta nas previsões do mercado.