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Christine Lagarde reconhece alterações na estrutura da economia europeia

A Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, sorri durante uma conferência de imprensa após uma reunião do Conselho do BCE em Frankfurt, Alemanha, quinta-feira, 18 de dezembro de 2025.
A Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, sorri durante uma conferência de imprensa após uma reunião do Conselho do BCE em Frankfurt, Alemanha, quinta-feira, 18 de dezembro de 2025. Direitos de autor  Copyright 2025 The Associated Press. All rights reserved
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De Piero Cingari
Publicado a Últimas notícias
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A presidente do BCE, Christine Lagarde, manteve as taxas de juro inalteradas, citando a incerteza persistente e o forte investimento impulsionado pela IA.

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, referiu que a economia da zona euro está a passar por uma mudança estrutural impulsionada pelo investimento em inteligência artificial, ao mesmo tempo que sublinhou que as decisões relativas às taxas de juro continuarão a depender totalmente dos dados, num contexto de incerteza persistentemente elevada.

Após a última reunião do ano do Conselho do BCE, que decidiu por unanimidade manter inalteradas as três taxas de juro diretoras, Lagarde afirmou que a política monetária está "numa boa posição".

No entanto, deixou claro que esta avaliação não implica uma trajetória fixa ou previsível para as taxas.

Taxas de juro: sem orientações, todas as opções em aberto

Lagarde excluiu com firmeza a possibilidade de dar indicações sobre as taxas de juro, sublinhando repetidamente a abordagem do BCE, que se baseia numa abordagem "reunião a reunião".

Os decisores políticos são unânimes em afirmar que "todas as opções devem permanecer em cima da mesa".

Embora reconheça que as atuais definições de política económica são adequadas, Lagarde advertiu que "bom" não significa "estático".

O Conselho do BCE está a acompanhar de perto o crescimento dos salários, a inflação dos serviços e a evolução do comércio mundial, que continuam a ser fontes de incerteza para as perspetivas de inflação. Essa prudência reflete-se nas últimas projeções dos especialistas do BCE.

O banco central espera agora um crescimento da área do euro de 1,4% em 2025, seguido de 1,2% em 2026 e de 1,4% em 2027 e 2028, com a procura interna a desempenhar um papel mais importante do que o anteriormente assumido.

As projeções para a inflação foram revistas ligeiramente em alta para 2026, refletindo uma descida mais lenta do que o previsto da inflação dos serviços. A inflação global deverá situar-se, em média, em 2,1% em 2025, abrandando abaixo do objetivo em 2026 e 2027, antes de regressar a 2,0% em 2028.

Lagarde sublinhou que a dinâmica salarial e os preços dos serviços continuarão a ser objeto de um exame atento, dada a sua importância para a persistência da inflação a médio prazo.

IA surge como um motor de crescimento fundamental

Uma das mensagens mais marcantes da conferência de imprensa diz respeito à composição do crescimento.

O investimento está a ser impulsionado pelas grandes empresas, bem como pelas pequenas e médias empresas, com a IA a desempenhar um papel central. As despesas têm-se centrado na capacidade de computação, nas redes de telecomunicações e nos ativos incorpóreos, como software e dados, em vez do tradicional capital físico.

Embora reconheça que a IA pode aumentar a produtividade ao longo do tempo, Lagarde alertou para o facto de não se poderem tirar conclusões prematuras sobre o seu impacto na chamada taxa de juro neutra.

Numa conjuntura marcada por choques geopolíticos, fragmentação do comércio e incerteza persistente, argumentou que esses parâmetros estruturais continuam a não ser observáveis e não foram discutidos pelo Conselho do BCE nesta reunião.

Euro digital e os ativos russos congelados

Relativamente ao euro digital, Lagarde afirmou que o BCE concluiu o seu trabalho técnico e preparatório, e que a responsabilidade cabe agora às instituições políticas.

O projeto, que visa a criação de um meio de pagamento digital público, está atualmente a ser analisado pelo Conselho Europeu e pelo Parlamento Europeu.

"A nossa ambição é garantir que, na era digital, exista uma moeda que funcione como uma âncora de estabilidade para o sistema financeiro", afirmou Lagarde, enquadrando o euro digital como um instrumento de soberania monetária e não como uma inovação em si mesma.

Lagarde também abordou a questão sensível de saber se os ativos congelados do banco central russo devem ser utilizados para apoiar a reconstrução da Ucrânia.

Embora confiante de que os líderes europeus acabarão por encontrar uma solução, Lagarde traçou uma linha firme em torno do mandato do BCE.

Qualquer mecanismo que implique financiamento monetário, avisou, violaria os tratados da UE. As decisões sobre a utilização dos ativos congelados, na sua opinião, continuam a ser da responsabilidade dos líderes políticos e não dos banqueiros centrais.

Como reagiram os mercados e os especialistas?

Mohamed El-Erian, conselheiro económico principal da Allianz, elogiou o desempenho de Lagarde, descrevendo-o como uma "aula de mestre".

El-Erian salientou a importância da capacidade de comunicação de Lagarde para estabilizar o sentimento do mercado durante períodos de grande incerteza económica.

Roman Ziruk, analista de mercado sénior da Ebury, afirmou que a atualização das projeções de crescimento do BCE e as mensagens cautelosas ajudaram a apoiar o euro face ao dólar, juntamente com dados de inflação dos EUA mais fracos do que o previsto.

"A política monetária continua a estar numa boa posição", disse Ziruk, acrescentando que as persistentes pressões subjacentes sobre os preços reforçam os argumentos contra cortes nas taxas de juro a curto prazo.

O euro manteve-se estável após a conferência de imprensa de Christine Lagarde, sendo negociado em torno de 1,1730 dólares, enquanto os rendimentos do Bund alemão de 10 anos permaneceram praticamente inalterados em 2,85%.

Os mercados acionistas europeus avançaram na tarde de quinta-feira, impulsionados por um relatório de inflação dos EUA mais suave do que o esperado, o que alimentou o otimismo sobre a continuação da flexibilização monetária pela Reserva Federal.

Às 16:30 CET (horário da Europa Central), o Euro STOXX 50 estava a subir 0,8%, enquanto o índice DAX da Alemanha subiu cerca de 1%.

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