Trinta anos depois da sua última encenação em Covent Garden, a ópera “Andrea Chenier”, do italiano Umberto Giordano, com um libretto italiano de
Trinta anos depois da sua última encenação em Covent Garden, a ópera “Andrea Chenier”, do italiano Umberto Giordano, com um libretto italiano de Luigi Illica, faz um regresso triunfal no Royal Opera House de Londres.
A ópera de Giordano é baseada na vida do poeta romântico francês André Chénier (1762-1794), que foi guilhotinado durante a Revolução Francesa, três dias antes da execução de Robespierre.
No púlpito, o sempre apaixonado e arrebatador Antonio Pappano, para quem esta obra-prima do Verismo é um exercício invulgar de protagonimso para uma orquestra.
O maestro inglês de 56 anos falou à euronews do entusiasmo que esta experiência desperta na sua orquestra, “Graças à exaltação, elevação e inteligência dramática deste compositor, a sua fina perceção do trabalho de uma orquestra…”.
Sublinhando o carácter “magnífico, magestoso, impressionante” desta obra, que precisamente “por isso exige grandes vozes, que se sobreponham à orquestra”, Pappano ressalvou o protagonismo deixado à orquestra, “elemento sinfónico insubstituível, com um impacto enorme sobre o público”.
O Royal Opera House acolhe um elenco de excelência, que inclui o maior tenor mundial da atualidade, Jonas Kaufmann, para quem este desempenho constitui um enorme desafio profissional:
“Como provavelmente todas as óperas do Verismo, aqui a paixão é um elemento chave. E sendo esta música tão carregada de emoções, há que ter cuidado para não nos perdermos, para não investirmos demasiado, não cair na tentação de se deixar arrebatar a ponto de perder o pé! Cada linha está tão perfeitamente colocada, que é uma alegria, um enorme prazer, mas é preciso sobreviver-lhe…”
No centro do enredo desta ópera em quatro atos, está o amor de Andrea e Maddalena, que leva esta a trocar de identidade com outra mulher para estar na prisão com o seu amado e morrer com ele.
Interpretada pela soprano holandesa Eva- Maria Westbroek, a personagem feminina de “Andrea Chenier”, revela, na opinião do grande tenor lírico alemão, uma dimensão amorosa que ultrapassa a paixão:
“Madalena é como uma alma gémea… é algo maior que a paixão! O que os une é este amor inocente, estão emocionados com a ideia de morrer juntos. Não pensam fugir, para eles é assim que tem de acontecer – o destino uniu-nos, é nossa sorte morrer juntos e é o que queremos.”
A força deste amor tem expressão máxima no dueto final, ponto culminante desta obra única de Giordano, segundo o maestro Antonio Pappano:
“Nesta obra há, sem sombra de dúvida, momentos simplesmente arrabatadores – por vezes é a intensidade sonora, outras vezes é o nível de paixão… E ambos estes elementos estão muito presentes no dueto final, que nos tira o fôlego – as vozes deles sobem, cada vez mais alto, até ao ‘viva la morte insieme’, quando avançam para morrer juntos… é muito comovente.”
David McVicar dirige esta nova produção da Royal Opera House.
Bonus:
Getting to know Sir Tony and ‘the world’s greatest tenor’