O Festival de Cinema de Chipre é uma plataforma para a projeção de jovens realizadores. O evento decorre todos os anos em Limassol, no sul da ilha, e na capital, em Nicósia.
O cinema cipriota está no apogeu. Temos novos cineastas e produzimos muitas curtas-metragens. Fazemos também mais longas-metragens. O mais importante é o facto de Chipre ter agora boas infraestruturas de cinema.
O realizador francês Eric Cherrière apresentou o seu primeiro filme, “Cruel”, a história de um assassino em série em busca da infância perdida.
“O filme ‘noir’ tem a ver com a ideia de um tesouro perdido. Neste tipo de filmes, há sempre uma pessoa que era feliz e que deixa de sê-lo. No meu filme, a felicidade perdida é a infância. Para mim, o filme ‘noir’ é um género existencial. Podemos contar a existência, até ao aspeto mais cruel como acontece no final”, afirmou o realizador francês.
“Valley”, o primeiro filme de Sophie Artus, retrata o tema da violência na adolescência. “Não proponho qualquer resposta. Não pretendo ensinar nada. O que quis fazer, e penso que funciona bem, é dar a oportunidade às pessoas de pensarem no tema”, sublinhou a realizadora.
A presidente do júri destaca a qualidade das produções exibidas no Festival. “Estou muito impressionada, belas imagens, bom conteúdo, tudo muito profissional. As equipas mostram que sabem trabalhar, isso é sempre bom, estou impressionada”, disse Kristi Zea.
“Impressions of a drowned man” de Kyros Papavassiliou ganhou o prémio de melhor filme cipriota. A obra gira em torno de Kostas Karyotakis, poeta grego que se suicidou em 1928. No filme, a personagem ressuscita e volta a matar-se todos os anos. “Não é um filme pessimista. O espetador pode pensar sobre o facto de sermos mortais. Trata-se de um filme noir, poético e existencial”, disse Kyros Papavassiliou.
A solidão e a identidade são os grandes temas de «Conveyor Belt» da realizadora Alexia Roider. A personagem principal trabalha num aeroporto e leva para caso objetos perdidos. Em casa, a partir dos objetos recria a identidade das pessoas que os perderam. “A personagem principal é uma pessoa sem identidade. É esse o ponto de partida, ela não tem uma personalidade específica. Não queria dirigir o público emocionalmente e levá-lo a identificar-se com a personagem”, contou Alexia Roider.
O realizador Adonis Florides, um dos elementos do júri, sublinha a evolução recente do cinema cipriota.
“Penso que o cinema cipriota está no apogeu. Temos novos cineastas e produzimos muitas curtas-metragens. Fazemos também mais longas-metragens. O mais importante é o facto de Chipre ter agora boas infraestruturas de cinema”, frisou Florides.