Antonio Castrignanò é um dos principais divulgadores da tarantela. Entre passado e presente, o músico e cantor dá a conhecer uma música ancestral, que fala do trabalho no campo, da alegria de viver e
Antonio Castrignanò é um dos principais divulgadores da tarantela. Entre passado e presente, o músico e cantor dá a conhecer uma música ancestral, que fala do trabalho no campo, da alegria de viver e da integração social.
Para o artista, a tarantela da região da Apúlia (Puglia) “é uma espécie de medicamento, uma coisa natural. É o fruto de um povo que decidiu não marginalizar as pessoas que têm problemas, que passaram por dificuldades, e que optaram por os reintegrar na sociedade, na comunidade, através de um ritual espiritual e através da dança de uma música em particular: a ‘pizzica tarantata’”.
Concertos ao lado de artistas como Goran Bregovic deram visibilidade a este movimento de recuperação de uma música que nasceu nos campos agrícolas e nas tabernas e que fala de uma terra – a região de Salento – muito tempo esquecida em Itália.
O cantor recorda que há cerca de “25/30 anos, nem os italianos conheciam Salento. Nem sequer as previsões do tempo incluíam este pequeno pedaço de terra que forma o ‘tacão’, (o salto alto da forma de bota da Itália). Os jovens, graças a um movimento iniciado nos anos 90, conseguiram transformar a vitalidade e a força extraordinária de Salento em dignidade, a dignidade de se apresentar e dar a conhecer ao mundo atual um povo que sofreu muito, mas que também tem muita alegria para partilhar”.
Nascido na pequena aldeia de Calimera, na Apúlia, Castrignanò quer guardar as memórias e tradições da sua região natal.
O artista afirma que “o passado pode ensinar-nos muitas coisas. Pode oferecer-nos a essência de valores que estamos a perder hoje em dia: o valor de comunicar sem ser através das redes sociais, mas olhando as pessoas nos olhos, como talvez já não façamos hoje; o valor de não ficar especado ao telemóvel a olhar para o retângulo e de verdadeiramente encontrar outras pessoas e de crescer através do confronto (de ideias)”.
Este verão, Castrignanó andará em digressão por Itália e França a recordar com a música as suas origens migrantes.
O músico afirma que as pessoas estão “sempre prontas a apontar o dedo ao outro, ao que é diferente, ao necessitado ou àquele que é marginalizado. Mas fazem isso sem conhecer a sua história”. O artista considera que “sentimos uma necessidade urgente de encontrar soluções que, em primeiro lugar, nos gratifiquem, em vez de escutarmos as verdadeiras necessidades que forçam as pessoas a procurar a sua dignidade noutro lugar”.
“Quem dança a ‘pizzica’ nunca morre. No dialeto de Lecce, isso significa que tudo o que dissemos até agora resume um mundo e exprime a alegria de viver através da música”, conclui Castrignanò.