"Grâce à Dieu" é o novo filme do realizador François Ozon e promete abalar a sociedade francesa.
O filme retrata a realidade chocante da pedofilia na diocese de Lyon.
"Grâce à Dieu", tem início quando Alexandre, com 40 anos e pai de cinco filhos, decide denunciar, publicamente, o abuso de que, alegadamente, foi sujeito pelo padre Bernard Preynat.
Baseado em factos verídicos, o filme disseca o processo que fez com que a justiça francesa mudasse a lei de prescrição dos crimes sexuais de 20 para 30 anos.
Para Ozon, este é um filme de denúncia e sobre as vítimas.
"Para mim este filme não é um filme político. Considero este filme mais como um filme cidadão que participa no debate público sobre o silêncio em torno de instituições e particularmente na pedofilia dentro da Igreja Francesa. O caso Preynat / Barbarin é apenas um pretexto para falar sobre as vítimas e sobre os efeitos que a libertação do seu discurso provocou, as repercussões que se seguiram", refere o realizador.
"Grâce à Dieu" foca, em especial, as histórias de Alexandre, François e Emmanuel que foram, alegadamente, abusados pelo padre Bernard Preynat e co-fundadores da associação de apoio às vítimas "La Parole Libérée".
Para os três homens, o filme de François Ozon pode fazer com que a sociedade francesa compreenda melhor o sofrimento que passaram e a consequente luta pela verdade.
Para a alegada vítima, François Devaux, "hoje, o filme traz primeiro uma cronologia e uma visão completa, de facto, desta história e creio que permite um verdadeiro debate de fundo, uma consciência real."
"Este combate é, também, pelas crianças... Para que elas possam, finalmente, falar e para que, finalmente, esse flagelo seja combatido", completa a alegada vítima Alexandre Hezez.
O filme deverá chegar às salas de cinema francesas no dia 20 de fevereiro.
Os advogados de defesa pretendem evitar que o filme seja exibido antes de sete de março, data prevista para que o tribunal se pronuncie sobre o processo contra o padre Bernard Preynat, que confessou ter abusado de escoteiros nos anos 80 e 90, do século passado, e contra o cardeal Philippe Barbarin por, alegadamente, ter encoberto o caso.