Rainha consorte Camilla quebra tradição em nome da sustentabilidade

O Rei Carlos III e Camilla, a Rainha Consorte, visitam Brick Lane, na zona leste de Londres a 8 de Fevereiro de 2023
O Rei Carlos III e Camilla, a Rainha Consorte, visitam Brick Lane, na zona leste de Londres a 8 de Fevereiro de 2023 Direitos de autor Eddie Mulholland/AP
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Rainha consorte Camilla vai reutilizar uma coroa que pertenceu à rainha Maria durante a sua coroação e do rei Carlos III na Abadia de Westminster

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A rainha consorte Camilla irá reutilizar uma coroa que pertenceu à rainha Maria durante a sua coroação e do rei Carlos III na Abadia de Westminster, quebrando a tradição de encomendar  uma nova coroa para a ocasião.

No entanto, essa coroa não terá o controverso diamante Koh-i-Noor no centro, como tinha quando a Rainha Maria a usou pela primeira vez na sua coroação em 1911. Também não terá uma réplica da famosa pedra, que substituiu a original na coroa da Rainha Maria em 1937, quando o Koh-i-Noor original foi colocado na coroa para a cerimónia de coroação da mãe da Rainha Isabel II.

A coroa de Camilla será substituída por pedras da coleção pessoal de jóias da falecida Rainha Isabel II. Será a primeira rainha consorte desde o século XVIII a reutilizar uma coroa numa coroação em vez de encomendar uma nova.

Ao recusar a pedra, Camilla não só fez uma declaração sobre sustentabilidade, como também evitou uma potencial disputa diplomática com a Índia sobre o simbolismo associado a este diamante.

O diamante Koh-i-Noor faz parte das jóias da Coroa Britânica há quase 175 anos, mas há muito que é alvo de reivindicações de propriedade controversas e é visto por alguns como um vestígio do passado colonialista britânico, este igualmente controverso.

Alastair Grant/AP1952
O diamante Koh-i-noor, ou "montanha de luz", incrustado na Cruz de Malta, na parte dianteira da coroa feita para a falecida Rainha-Mãe da Grã-BretanhaAlastair Grant/AP1952

Encontrado pela primeira vez na mina de Kollur, na Índia, o diamante foi mencionado já no século XIV, num diário escrito por Alauddin Khalji, um imperador que governou o Sultanato de Deli.

O Koh-i-Noor, um dos maiores diamantes do mundo, pesando 21,12 gramas, foi propriedade de vários imperadores indianos, mas foi adquirido pelo Império Britânico em resultado da colonização da Índia.
Foi entregue à Rainha Vitória em 1849 e, desde então, continua a ser uma parte importante das jóias da coroa britânica.

Após a morte da Rainha Isabel II, em Setembro último, o governo indiano manifestou a preocupação quanto à utilização do diamante pela monarquia britânica, afirmando que alguns indianos o associam a um regime opressivo e apelou a Camilla para que não utilizasse o Koh-i-Noor na coroação.

Embora a Índia continue a ser uma parte importante da Commonwealth britânica, a associação política é uma questão premente para Carlos III. Em 2021, Barbados destituiu a Rainha do seu cargo de chefe de Estado e abandonou a Commonwealth. Pensa-se que outras nações das Caraíbas estão a considerar fazer o mesmo.

Camilla está a quebrar a tradição das recentes rainhas consortes ao não optar por mandar fazer uma nova coroa especialmente para a sua coroação. As razões invocadas para esta decisão são a eficiência e a sustentabilidade.

O Palácio de Buckingham afirma que a coroa da Rainha Maria foi retirada da exposição na Torre de Londres, sede das Jóias da Coroa, e será reposta com diamantes da colecção pessoal da Rainha Isabel II, incluindo os Cullinan III, IV e V. O palácio afirma que a coroa refletirá o "estilo individual" de Camilla.

Outras alterações que serão efetuadas pelo joalheiro real incluem a remoção de quatro dos oito arcos destacáveis da coroa para dar à coroa "uma impressão diferente".

Embora se pense que a Rainha Isabel II nunca usou o diamante durante o seu reinado de 70 anos, têm-se repetido apelos para que a jóia seja devolvida à Índia desde que o país se tornou independente em 1947. No entanto, ainda em 2016, o antigo procurador-geral do país, Ranjit Kumar, disse acreditar que a propriedade britânica do diamante é legítima, o que suscitou críticas dos líderes indianos.

Assim, o futuro do Koh-i-Noor ainda está em discussão.

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