Fantasmas do Passado: A artista Mónica de Miranda mergulha na história colonial de Portugal

Explorando o trabalho da nossa artista em residência: Mónica de Miranda
Explorando o trabalho da nossa artista em residência: Mónica de Miranda Direitos de autor Credit: Mónica de Miranda
Direitos de autor Credit: Mónica de Miranda
De  Theo FarrantTokunbo Salako
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Artigo publicado originalmente em inglês

A Artista Residente da Euronews Culture, Mónica de Miranda, explora o nosso tema do ano "Ser Humano", examinando quem somos na sociedade. Neste trabalho exclusivo, Mónica de Miranda fala sobre algumas das suas imagens mais icónicas que fazem parte da sua apresentaçãna Bienal de Veneza deste ano.

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Através do desenho, da instalação, da fotografia, do filme e do som, Mónica de Miranda explora as interseções da política, do género, da memória, do espaço e da história, convidando o público a explorar temas de resistência, geografias do afeto, narração de histórias e ecologias do cuidado.

Atualmente, representa o Pavilhão de Portugal na prestigiada Bienal de Veneza 2024, apresentando o seu projeto "Greenhouse", em colaboração com a ativista Sónia Vaz Borges e a coreógrafa Vânia Gala.

Inspirados na frase "Une minute pour un image" (um minuto por uma imagem) da realizadora francesa Agnès Varda, reunimos quatro vídeos originais, cada um deles sobre uma das suas deslumbrantes fotografias.

"Jardins crioulos" da série "Greenhouse" (Estufa)

Esta imagem da série "Greenhouse", tirada por Miranda, foi apresentada na montra do Pavilhão de Portugal durante a Bienal de Veneza. Estes jardins fotografados foram historicamente utilizados pelas pessoas escravizadas para se alimentarem e se libertarem. O casal retratado "transporta memórias de corpos negros ao longo do tempo".

"Gémeos" da série "Cinema Karl Marx

Intitulada "Twins", da série "Cinema Karl Marx", esta imagem, tirada em Angola em 2017, reflecte um momento crucial na transição das lutas coloniais para a independência. As gémeas, um motivo recorrente na obra do artista, personificam as complexidades do espaço, do tempo, da identidade e da cultura. A partir de uma sala de cinema abandonada, confrontam-se e reconciliam-se com os fantasmas do passado, sentadas sobre o pó das memórias e da história.

Whistle for the Wind" da série "A Ilha

Intitulada "Whistle for the Wind" da série "The Island", esta imagem confronta as histórias negras negligenciadas de Portugal, particularmente no contexto da mercantilização da natureza e da violência de género. Filmada no Alentejo, Portugal, em 2020, explora os legados coloniais, a exploração da terra e a subjugação de género, ilustrando a sua interligação.

"Sunrise" (Nascer do sol) da série "The sun does not rise on the north" (O sol não nasce no norte)

Esta imagem, intitulada "Sunrise" (Nascer do sol), que faz parte da série "The sun does not rise on the north" (O sol não nasce no norte), foi captada na praia de Tarifa, em Espanha, em 2023, com vista para África. Retrata ligações profundas entre as personagens principais e vários ecossistemas, desde o mar até às areias do deserto. O bater das ondas simboliza um momento espiritual em que a água encontra a terra. Com base na filosofia Bakongo, o pôr e o nascer do sol significam a troca entre os vivos e os mortos, onde a morte é vista como uma transição e não como um fim.

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