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Mais de 18 mil imagens de Auschwitz digitalizadas para novo projeto de memória

Reunião na Embaixada da Polónia em Bruxelas
Reunião na Embaixada da Polónia em Bruxelas Direitos de autor  Dominika Cosic
Direitos de autor Dominika Cosic
De Dominika Cosic
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Os autores do projeto "Imagens de Auschwitz" digitalizaram mais de 18 mil fotografias que documentam a aparência original do campo de Auschwitz 1. "O objetivo é resgatar do esquecimento uma parte horrível da História", diz o fotógrafo Ryszard Horowitz, o próprio sobrevivente.

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Dezoito mil fotografias foram utilizadas no projeto "Imagens de Auschwitz", todas digitalizadas e apresentadas em diapositivos.

Trata-se de um projeto do Memorial de Auschwitz, com a participação do eminente fotógrafo Ryszard Horowitz, ele próprio um dos sobreviventes, onde é possível ver exatamente como era o campo.

Nascido em Cracóvia, no ano em que rebentou a Segunda Guerra Mundial, Horowitz foi enviado para Auschwitz em criança. As mulheres da sua família - mãe, irmã e avó - foram enviadas para a fábrica de Oscar Schindler e sobreviveram; enquanto Ryszard, de 5 anos, e o seu pai foram enviados para Auschwitz.

Ambos tiveram sorte, também sobreviveram, e Ryszard foi um dos mais jovens sobreviventes.

Depois do tumulto da guerra, o fotógrafo conseguiu encontrar a sua mãe e o resto da sua família, bem como um amigo de infância, Roman Polanski.

Ryzard só voltou a Auschwitz muitos anos mais tarde. "Estive lá duas vezes. Uma vez por minha vontade, na minha infância; a segunda vez foi durante uma das minhas primeiras visitas à Polónia. Fui com o meu mentor no trabalho e também com um amigo. Foi uma experiência angustiante e pensei que não iria acontecer, porque até então raramente tinha abordado o assunto", começa por contar.

A história não era muito conhecida entre os seus colegas. "Para mim houve dois momentos-chave: o primeiro foi quando regressei ao campo e o segundo foi quando saiu "A Lista de Schindler" e os meus amigos souberam de mim", conta. "Infelizmente, fui muitas vezes questionado e forçado a falar sobre o assunto", disse em entrevista exclusiva à Euronews.

Agora, o tema de Auschwitz está de regresso com o projeto "Pictures from Auschwitz". Durante três anos, a equipa tem trabalhado na documentação de "Auschwitz 1", recolhendo dados de origem, dados de digitalização 3D, dados laser e imagens do Memorial de Auschwitz-Birkenau.

Estes são depois guardados num local seguro e processados para a localização virtual para fins futuros, a decidir pelos organizadores.

"Demorámos quase três anos a digitalizar Auschwitz 1. Dado que se trata de um local com 250 por 350 metros, visitado por mais de dois milhões de pessoas por ano. É muito difícil trabalhar nestas condições. Algumas instituições já nos estão a perguntar como é que fizemos", diz Maciej Żemojcin, que iniciou o projeto.

E acrescenta, "o objetivo do projeto não é apenas a documentação, mas também a comemoração. Por isso, esperamos que este projeto nunca termine, porque o seu objetivo é prevenir o ódio, prevenir o antissemitismo, defender valores. Isto, por sua vez, afetará a forma como pensamos a História e o que dela retiramos para nós próprios e para as gerações futuras."

Esta opinião é também partilhada por Ryszard Horowitz. "Sou muito favorável a que cada vez mais pessoas tomem consciência desta parte horrível da nossa História e, também, de um ponto de vista puramente profissional, estou muito envolvido e fascinado pela tecnologia digital, pelo que vejo um enorme potencial no que estão a fazer", diz. "É apenas uma questão de saber como este material será eventualmente utilizado, o que as chamadas pessoas criativas farão com ele. Só temos de esperar alguns anos para ver isso. Eu vejo potencial, isso deixa-me realmente muito feliz".

A apresentação do projeto teve lugar na embaixada da Polónia em Bruxelas.

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