"Usar uma morte trágica para autopromoção e agenda fascista é pecado narcisista e corrupto." Ataque de Trump a Rob Reiner criticado após a morte do casal.
Na sequência da morte do consagrado ator e realizador Rob Reiner e da mulher, Michele, Donald Trump lançou um ataque pessoal a Reiner, alegando que a morte foi provocada pelas críticas que lhe dirigiu.
O cineasta de 78 anos responsável por clássicos como Isto é Is Spinal Tap e Um Amor Inevitável, e a sua mulher, fotógrafa de 68 anos, foram encontrados mortos na sua casa em Los Angeles no domingo, com o Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD) a confirmar que estava a investigar as mortes como “aparente homicídio”. Relatos indicaram que ambos apresentavam ferimentos compatíveis com um ataque com faca. Ontem, soube-se que o filho do casal, Nick, de 32 anos, foi detido por ligação às mortes.
Houve uma onda de tristeza após a notícia, com vários atores, cineastas e políticos a manifestarem pesar.
Barack Obama escreveu que as “conquistas no cinema e na televisão deram-nos algumas das nossas histórias mais queridas no ecrã. Mas por detrás de todas as histórias que produziu estava uma profunda crença na bondade das pessoas, na verdade e na justiça.” Por sua vez, Nancy Pelosi escreveu: “A notícia de uma agressão mortal a Rob e Michele Reiner na sua casa é devastadora. É difícil pensar em alguém mais notável e excelente em todas as áreas e projetos que abraçaram”.
Paul McCartney, que participa no filme final de Reiner, Spinal Tap II, disse: “A vida pode ser tão injusta e esta tragédia prova-o”.
Num tom pouco empático, Donald Trump publicou uma mensagem na sua conta Truth Social, na qual fez alegações infundadas de que a morte de Reiner se deveu à sua “obsessão” em o criticar.
“Rob Reiner, um realizador de cinema e estrela de comédia atormentado e em dificuldades, mas outrora muito talentoso, morreu, juntamente com a sua mulher, Michele, alegadamente devido à ira que provocou nos outros através da sua enorme, inflexível e incurável aflição com uma doença debilitante da mente conhecida como TRUMP DERANGEMENT SYNDROME, por vezes referida como TDS”.
Trump continuou: “Era conhecido por ter levado pessoas à LOUCURA com a sua obsessão furiosa pelo presidente Donald J. Trump, com uma paranoia óbvia a atingir novos patamares à medida que a administração Trump ultrapassava todos os objetivos e expectativas de grandeza, e com a Idade de Ouro dos Estados Unidos sobre nós, talvez como nunca”.
Reiner criticou Trump de forma consistente, chamando-o “o ser humano mais inapto” para ser presidente dos Estados Unidos numa entrevista de 2017 à Variety.
A publicação do presidente foi amplamente criticada online, com muitos a exprimirem choque e indignação e a qualificarem a reação de “abjeta” e “depravada”.
Jack White recorreu ao Instagram, escrevendo: “Trump, seu nojento, abjeto, ególatra fracassado, criança. Nem ele nem qualquer um dos seus seguidores pode defender este insulto repugnante e horrível a um grande artista que deu tanto ao mundo. Usar a morte trágica de alguém para promover a sua própria vaidade e uma agenda autoritária fascista é um pecado corrupto e narcisista”.
“Vergonha para ti, Trump, e para quem defende isto”, acrescentou. “Deus te abençoe, Rob Reiner, e obrigado pelo que deste ao mundo. Nunca te cheguei a conhecer e, ainda assim, estou contigo”.
Muitos online disseram que Trump não sente nada e salientaram que Michele Singer-Reiner tirou a fotografia que aparece na capa do livro de Trump “The Art Of The Deal”.
Outros fizeram paralelos com os próprios comentários de Reiner após o assassinato do ativista de direita Charlie Kirk. Em setembro, Reiner disse no programa Piers Morgan Uncensored que reagiu com “horror absoluto”, acrescentando: “Não me importa quais são as suas crenças políticas. Isso não é aceitável. Não é uma solução”.
Um contraste evidente.
Veja abaixo algumas reações à publicação de Trump:
O ataque de Trump a Reiner, embora chocante, não foi totalmente inesperado. O presidente foi também criticado pela resposta ao recente tiroteio em massa na Brown University.
A 13 de dezembro, dois estudantes foram mortos e mais nove ficaram feridos quando um atirador entrou numa sala de aula no campus da Brown University, em Providence, Rhode Island.
Enquanto o governador de Rhode Island, Dan McKee, classificou o tiroteio como “inimaginável” e muitos reagiram no tom que se esperaria perante um acontecimento tão trágico, Trump disse: “As coisas podem acontecer”.
O ataque na Brown University segue-se a tiroteios mortais este ano na Kentucky State University, na Utah Valley University e na Florida State University.
Nick Reiner está detido por suspeita de homicídio. O Departamento de Polícia de Los Angeles disse na segunda-feira que se encontra sob custódia, sem fiança. Os investigadores não divulgaram publicamente um motivo e afirmaram que a investigação permanece em curso.