Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Refúgios climáticos: quando o calor aperta, para onde podemos fugir?

Locais com sombra e fontes de água são ideiais para serem reconhecidos como refúgios climáticos
Locais com sombra e fontes de água são ideiais para serem reconhecidos como refúgios climáticos Direitos de autor  Emilio Morenatti/Copyright 2025 The AP. All rights reserved.
Direitos de autor Emilio Morenatti/Copyright 2025 The AP. All rights reserved.
De Joana Mourão Carvalho
Publicado a
Partilhe esta notícia Comentários
Partilhe esta notícia Close Button
Copiar/colar o link embed do vídeo: Copy to clipboard Copied

As ondas de calor são mais frequentes e intensas e são precisas soluções para refrescar as cidades. Com a pobreza energética a deixar as pessoas mais desprotegidas no interior das suas casas, os refúgios climáticos podem ser uma opção para tornar as cidades resistentes às temperaturas extremas.

PUBLICIDADE

Para onde podemos ir para fugir do calor? Os refúgios climáticos estão a tornar-se cada vez mais uma solução. Numa onda de calor intenso, como as que se têm vivido em Lisboa e noutras cidades europeias por estes dias, são lugares que podem oferecer alguma frescura à população.

Podem ser parques e jardins públicos, bibliotecas, centros cívicos, museus ou escolas, abertos durante o dia para receber pessoas que são vulneráveis às temperaturas extremas.

"O efeito ilha de calor é intensificado nestas ondas de calor e acontece normalmente em cidades. Isto porque nós temos cidades que estão densamente construídas, temos muito alcatrão que faz absorver o sol e ao final do dia, nós vemos que às seis, sete da tarde, ainda é possível estar muito calor, apesar de já não estar muito sol, porque o chão absorveu. Depois temos vários edifícios e muitas vezes ruas estreitas, o que faz com que seja difícil o ar circular", explica Manuel Banza à Euronews.

O cientista de dados publicou um trabalho de identificação de possíveis refúgios climáticos em Lisboa. Num mapa interativo da cidade, sobrepôs a cartografia que mostra a intensidade do efeito ilha de calor urbano e juntou-lhe a localização de jardins, fontes, bebedouros, piscinas públicas e bibliotecas.

Além disso, procurou os espaços da cidade que, por não estarem rodeados de áreas verdes ou por terem uma densidade populacional substancial, mais precisam de intervenção, tendo identificado seis zonas prioritárias em Lisboa: Baixa, Alto de São João e Rua Morais Soares, Chelas, Bairro do Rego, Parque das Nações e Ajuda.

Em Lisboa, onde o desconforto térmico nas habitações é uma realidade, a Câmara Municipal ainda não promoveu uma rede, mas o mapa de Manuel Banza pode ser uma ajuda preciosa.

"Há uma grande amplitude térmica nas casas e Lisboa é das piores cidades da Europa em termos de eficiência energética, o que significa que tanto no verão como no inverno, as pessoas têm dificuldade a aquecer a sua casa ou a arrefecer a sua casa. E por isso há aqui uma responsabilidade municipal e pública de nós transformamos o espaço público num espaço que seja uma extensão das nossas casas", defende.

Mais de metade dos lisboetas que participaram num inquérito da Agência de Energia e Ambiente de Lisboa sobre pobreza energética relataram sentir desconforto térmico nas suas habitações, tanto no verão (56,5 %) como no inverno (63,2 %).

Além do desconforto, o calor surge também associado ao aumento da mortalidade. Portugal registou 284 mortes em excesso de 28 de junho a 3 de julho, durante o alerta de tempo quente.

Barcelona é exemplo para o resto da Europa

Barcelona liderou o processo de criação de uma rede de refúgios climáticos, já com mais de 400 locais, de forma a baixar a temperatura sentida na cidade. E tem servido de modelo para o resto das cidades europeias, mas não por ter sido pioneira, porque já existiam espalhados pelo mundo os chamados "cooling centers".

O que faz da cidade catalã realmente um grande exemplo são os critérios claros para definir o que é um refúgio.

Dois homens refrescam-se com água de um aspersor público num dia quente e ensolarado em Barcelona
Dois homens refrescam-se com água de um aspersor público num dia quente e ensolarado em Barcelona Emilio Morenatti/Copyright 2022 The AP. All rights reserved

"Não é qualquer espaço que é automaticamente um refúgio climático. Para que eles respondam às necessidades dessas populações que são mais vulneráveis a temperaturas extremas, eles precisam realmente ter esses critérios mínimos, precisam ter um espaço mínimo coberto onde as pessoas possam sentar, possam beber água e possam utilizar a casa de banho", refere Ana Terra Amorim-Maia, investigadora especialista em adaptação climática urbana no Basque Centre for Climate Change (BC3), em declarações à Euronews.

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhe esta notícia Comentários

Notícias relacionadas

"As alterações climáticas não pararam": o aviso do observatório climático da UE

Portugal em alerta amarelo: calor intenso leva lisboetas a procurar refúgio na praia

Fenómenos climáticos extremos custaram milhares de milhões de euros à Europa