As emissões provenientes da refrigeração deverão duplicar até 2050 sem a introdução de práticas mais sustentáveis, de acordo com o relatório.
As Nações Unidas afirmam que deve ser dada prioridade ao arrefecimento sustentável como parte dos esforços para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, num relatório publicado nas conversações sobre o clima COP30 no Brasil.
A mensagem foi transmitida na cidade de Belém, na orla da floresta amazónica, onde delegados de quase 200 países participam na cimeira sobre o clima.
A diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP na sigla em inglês), Inger Andersen, afirmou numa conferência de imprensa que o arrefecimento é vital.
"Deve ser tratado como uma infraestrutura essencial - juntamente com a água, a energia e o saneamento - porque salva vidas e mantém as economias, as escolas e os hospitais a funcionar", afirmou Andersen.
No entanto, a diretora-executiva da UNEP advertiu que uma dependência excessiva do ar condicionado convencional iria agravar a crise do calor.
"Se o fizermos, estaremos a aumentar os gases com efeito de estufa, a aumentar os custos, a causar sobrecarga na rede e, essencialmente, picos de procura", afirmou.
A funcionária da ONU apelou a soluções energeticamente eficientes, incluindo edifícios inteligentes, refrigeração a preços acessíveis e uma conceção urbana que reduza a pegada de carbono da refrigeração.
ONU alerta para o facto de as emissões de frio duplicarem até 2050
O lançamento do relatório da ONU coincidiu com o anúncio do Mutirão Contra o Calor Extremo, a iniciativa Beat the Heat.
O programa, que é liderado pela presidência brasileira da COP30 e pelo UNEP, tem como objetivo aumentar a resistência ao calor extremo.
Ruth Do Coutto, diretora-adjunta para as alterações climáticas da Agência das Nações Unidas para o Ambiente, alertou para o facto de as emissões resultantes do arrefecimento estarem a aumentar e poderem duplicar até 2050 se não forem adoptadas práticas sustentáveis.
"Infelizmente, como se pode ver, quanto mais arrefecemos, mais emitimos. Por isso, as emissões de refrigeração estão a aumentar e duplicarão até 2050 se não adoptarmos práticas de refrigeração mais sustentáveis", afirmou Do Coutto.
"No entanto, o que o relatório nos mostrou é que existe uma via, designada por via do arrefecimento sustentável, que demonstra que podemos satisfazer a procura de arrefecimento de que todos precisamos, reduzindo simultaneamente as emissões, se implementarmos medidas em conjunto", acrescentou.
Manifestantes confrontam segurança no local da cimeira
Noutros acontecimentos da COP30, um grupo de ativistas entrou em confronto com a segurança na noite de terça-feira, ao tentar invadir o local principal das negociações climáticas da ONU.
Não ficou imediatamente claro se alguém ficou ferido no incidente, mas pelo menos quatro ambulâncias estavam do lado de fora do local após o ocorrido.