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Porque é que centenas de sinais foram decorados com chamas em França?

Ativistas colam chamas falsas nos sinais rodoviários em França
Colam chamas falsas a sinais de trânsito em França Direitos de autor  ANV-COP21
Direitos de autor ANV-COP21
De Liam Gilliver
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Ativistas colam chamas em vários sinais de trânsito e outdoors por toda a França, apelando: 'parem a sabotagem climática'.

Centenas de sinais de trânsito e painéis publicitários por toda a França foram simbolicamente incendiados, com os cidadãos a exigirem "medidas concretas de justiça climática internacional".

Ativistas ambientais colaram autocolantes com chamas nas entradas de localidades como La Tronche, Sainte Luce, Meylan, Pornichet e Corenc, antes das negociações climáticas da ONU, já concluídas, em Belém, Brasil.

As chamas simbólicas exibiam também o lema "parem a sabotagem climática".

"Denunciar os culpados"

Foi a mais recente iniciativa dos ativistas da ANV-COP21, que se descrevem como um grupo não violento de cidadãos que "recusam aceitar alterações climáticas e as injustiças sociais que delas decorrem".

Segundo a ANV-COP21, a sua demonstração sublinha que, embora "todos sejamos afetados pelas consequências do clima", os líderes das nações ricas e a indústria dos combustíveis fósseis têm inviabilizado hipóteses de mudança real.

Apontam para estatísticas que indicam que 93% dos franceses notaram um aumento de fenómenos meteorológicos extremos, com 91% a atribuí-lo às alterações climáticas, além das 480 mortes causadas pelas ondas de calor deste verão no país.

"Ao afixar chamas e a mensagem 'PAREM A SABOTAGEM CLIMÁTICA' em painéis publicitários nas nossas vilas e cidades por toda a França, queremos denunciar estes criminosos do clima, tornar visíveis as suas vítimas e exigir a aplicação de medidas concretas e imediatas para limitar as alterações climáticas e proteger as populações", afirma a ANV-COP21.

"Cabe ao Governo francês assumir responsabilidades, defendendo posições ambiciosas na COP30, como estabelecer um calendário vinculativo para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e/ou implementar medidas concretas de justiça climática internacional".

Saída dos combustíveis fósseis

A oportunidade de definir um roteiro para a transição para energias limpas foi travada na COP30, já que toda a referência a combustíveis fósseis foi eliminada do acordo final.

Apesar do apoio crescente de mais de 90 países, incluindo a França, nações ricas em petróleo, como a Arábia Saudita, bloquearam esse compromisso. A esperança de um futuro sem combustíveis fósseis depende agora de um grupo de trabalho que convida mais de 85 países a apresentarem voluntariamente os seus planos de transição para energias limpas.

A conferência Global Fossil Fuel Phaseoutda Colômbia, coorganizada pelos Países Baixos, abordará este tema em abril do próximo ano.

A COP30 foi "sabotada"?

Os acordos na cimeira da ONU exigem consenso de todas as partes, o que torna o progresso frequentemente lento e incremental. Os chamados petroestados revelaram-se o maior obstáculo à definição de um roteiro para a eliminação dos combustíveis fósseis, empurrando a discussão para fora do processo da COP.

Uma análise recente concluiu também que 1.600 representantes dos combustíveis fósseis estiveram presentes na COP30, superando quase todas as delegações nacionais.

Segundo a coligação Kick Big Polluters Out (KBPO), isto representa um aumento de 12% face às negociações climáticas do ano passado em Bacu, Azerbaijão, e foi a maior concentração de lobistas dos combustíveis fósseis numa COP desde que a coligação começou a analisar participantes em 2021.

O número total de representantes dos combustíveis fósseis na COP30 é inferior ao registado na COP29 em Bacu no ano passado, mas a proporção é maior, já que há menos participantes no conjunto das negociações em Belém.

Apenas o país anfitrião, o Brasil, enviou mais pessoas do que lobistas, com uma delegação de 3.805.

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