União Europeia e Grécia: Final à vista?

União Europeia e Grécia: Final à vista?
De  Euronews
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Uma análise sobre a relação do país, ainda mergulhado na crise financeira, e as instituições europeias.

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Um terreno abandonado em Agios Dimitrios, na cidade grega de Atenas, foi transformado em lotes para agricultura urbana. Maria Androutsou é a presidente da câmara. Assim como toda a Grécia, esta região foi fortemente atingida pela crise da zona euro, com cortes orçamentais e medidas de austeridade. O desemprego é de 30%.

A maior parte das pessoas que cultivam os lotes estão desempregadas. Cultivam produtos para consumo próprio e até doam alguns ao banco alimentar local. Este projeto é parcialmente financiado pela UE que enviou especialistas para ensinar técnicas de cultivo – algo que recordou os benefícios de fazer parte da UE.

Esta zona foi financiada em termos de infraestruturas pela UE – isto fez muitas pessoas mudarem de ideias sobre a permanência da Grécia na UE. Os céticos sobre o projeto europeu achavam que era só política – ainda não tinham beneficiado de projetos que realmente ajudam as pessoas.
Financiar projetos que ajudam as pessoas. Este tem sido um dos pilares da UE desde a sua criação há 60 anos. E a Grécia não foi exceção. Desde que entrou na UE, em 1981, recebeu milhões de euros e continua a receber.

Um jardim de infância local é outro projeto financiado pela UE, no valor de 700 mil euros. O município financia o funcionamento diário da escola, mas a Presidente diz que sem os fundos da União, não teriam conseguido construir esta escola e percebe porque é que muitos gregos acreditam que certos fundos da União Europeia foram desperdiçados ou mal administrados. Para muitos gregos, estes projetos de curto prazo têm como exemplo os Jogos Olímpicos de 2004. Os fundos da UE e os empréstimos bancários com uma baixa taxa de juro foram utilizados para transformar Atenas numa cidade olímpica; também com um novo metro, novos acessos e um novo aeroporto.

O PIB da Grécia continuou a subir assim que aderiu à UE e, mais tarde, ao Euro. O declínio dramático só começou na altura crise, em 2009. A despesa pública chegou ao fim. A grande despesa pública da Grécia e o elevado défice empurravam a nação rumo à falência e a uma potencial saída da zona euro.

Esta saída foi evitada mas a factura a pagar é elevada. Em troca do resgate no valor de quase 360 mil milhões de euros, a Grécia concordou em introduzir medidas de austeridade, como cortes nas pensões e impostos mais altos. Quem é o culpado da dívida pública da Grécia que levou a três resgates consecutivos da UE e do FMI em troca de reformas e austeridade? Empréstimos que a maioria dos gregos e até mesmo a maioria dos europeus acreditam que o país não vai conseguir pagar, a menos que haja algum perdão da dívida.

George Papaconstandinou foi ministro das finanças da Grécia durante o primeiro resgate, em 2010. Diz que tanto a Grécia como a Europa são as culpadas da crise. Mas também acredita que o Euro vai sobreviver, apesar dos nacionalismos que põem em causa a coesão europeia: “A ironia e o problema que enfrentamos neste momento é que a economia diz-nos que precisamos de ir em direção a uma união mais coesa e completar esta construção que começou há dez anos. Ao mesmo tempo, a política está a ir na direção oposta. A política é muito mais nacionalista e, cada vez mais, os países trabalham para eles próprios. A questão é – Como reconciliar ambas? Como convencer os cidadãos que a única possibilidade de sobrevivência para a Eurozona é uma maior integração e instituições mais robustas que as que temos agora? É isso que vai ser testado este ano, em várias eleições europeias”.

Tomar decisões difíceis para sobreviver – não só perante uma crise da zona euro, mas também uma crise de refugiados que ajudou a inflamar o populismo em toda a Europa e o euroceticismo entre alguns membros da UE.

A Grécia, como principal porto de entrada, juntamente com Itália, tem suportado o peso dos refugiados. Estima-se que 46% dos refugiados em busca de asilo na Europa desembarcaram na Grécia, no ano passado. Como alguns Estados-Membros da UE fecharam as fronteiras, os números no país continuam a subir. Num centro em Atenas, os refugiados estão à espera de serem transferidos para outros Estados da UE. Estima-se que a UE tenha dado mais de 800 milhões de euros para ajudar a Grécia com os refugiados, desde o início da crise.

A população grega tem demonstrado uma incrível resistência na sequência da crise económica e da crise dos refugiados, mas um estudo recente revelou que 71% dos gregos têm agora uma opinião desfavorável em relação à União Europeia.

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