Porto perde Agência Europeia do Medicamento para Amesterdão

Porto perde Agência Europeia do Medicamento para Amesterdão
De  Francisco Marques
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Eleição decorre durante o Conselho de Assuntos Gerais da UE com a participação de 27 Estados-membros -- o Reino Unido, por razões óbvias, já não teve voto na matéria.

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Amesterdão é a escolhida para futura cidade-sede da Agência Europeia do Medicamento. O organismo está de saída de Londres por causa do “brexit” e a candidatura holandesa acabou por vencer a finalíssima, por moeda ao ar, diante da favorita Milão, vencedora das duas primeiras rondas, como única adversária.

O Porto era um dos 16 candidatos a albergar a EMA (sigla original, em inglês), uma ambicionada instituição europeu que garante empregos, prestígio e investimento ao Estado-membro eleito. Milão, Amesterdão e Copenhaga passaram à segunda ronda de votações, com a italiana e a holandesa a protagonizarem o duelo final. A Invicta acabou por ficar em sétimo logo na primeira ronda de negociações.

Amsterdam will be the new location of the European Medicines Agency

Background info on the relocation of the UK-based EU agencies: https://t.co/MasW1n0Gohpic.twitter.com/KDbMvmoWRA

— EU2017EE (@EU2017EE) 20 de novembro de 2017

A eleição decorreu durante a reunião do Conselho de Assuntos Gerais da UE, com a presença da secretária de Estado dos Assuntos Europeus, a portuguesa Ana Paula Zacarias, e a participação de 27 Estados-membros — o Reino Unido, por razões óbvias, já não teve voto na matéria.

Na primeira volta, cada Estado-membro podia atribuir três, dois e um ponto entre as candidaturas, havendo uma vencedora se recolhesse o apoio máximo de pelo menos 14 votantes. Caso contrário, haveria uma segunda ronda de votação com as três mais votadas e uma eventual terceira com um duelo final.

Milão, Amesterdão e Copenhaga foram as três finalistas, com a cidade italiana a receber 25 pontos na primeira ronda de votações e as candidaturas holandesa e dinamarquesa a conseguirem cada 20 pontos.

Além do Porto, Milão, Amesterdão e Copenhaga, eram candidatas a sediar a EMA as cidades de Atenas (Grécia), Barcelona (Espanha), Bona (Alemanha) Bratislava (Eslováquia), Bruxelas (Bélgica), Bucareste (Roménia), Helsínquia (Finlândia), Lille (França), Sófia (Bulgária), Estocolmo (Suécia), Varsóvia (Polónia) e Viena (Áustria). Malta, que não especificou cidade, Zagreb (Croácia) e Dublin (Irlanda) desistiram antes mesmo da votação.

Na primeira volta da votação, o Porto recolheu dez votos, tendo sido a sétima cidade mais votada, a par de Atenas, e atrás também de Bratislava (15), Barcelona (13) e Estocolmo (12).

Os outros candidatos que se apresentaram a votos eram Bona (Alemanha), Lille (França) e Sófia (tiveram todas 3 votos); Viena (4), Bruxelas e Helsínquia (ambas com 5 votos); Bucareste e Varsóvia (7).

Na segunda ronda de votações, de acordo com fontes citadas pela Reuters, Copenhaga ficou-se pelos cinco votos e também foi eliminada, enquanto Milão terá ficado a apenas dois votos do triunfo, conseguindo 12 votos contra nove para Amesterdão.

Por fim, sem consenso, teve de ser uma moeda a ditar o destino da sede da EMA e a Holanda foi a mais sortuda.

A EMA, cuja localização em Londres terá de mudar devido à saída do Reino Unido da UE, conta atualmente com 890 trabalhadores e recebe cerca de 35 mil representantes da indústria por ano.

De acordo com um estudo da Deloite, pedido pelo Infarmed, a perda da EMA priva Portugal de 5300 postos de trabalho e de 1,3 mil milhões de euros, valor estimado pelo impacto da agência na economia nacional até 2030, incluindo eventuais receitas fiscais a serem geradas na ordem dos 164 milhões de euros.

Ainda devido ao “brexit”, a UE escolhe também uma nova cidade para albergar a sede da Autoridade Bancária Europeia (EBA, sigla original em inglês), organismo que redige as regras a serem implementadas pelo Banco Central Europeu nos testes de esforço ao setor bancário dos parceiros europeus.

Antes da votação, o presidente do Conselho Europeu desjou “a melhor sorte a todos os candidatos a receber a EMA e a EBA”. “Seja qual for o resultado, o grande vencedor desta eleição será a Europa a 27”, expressou Donald Tusk nas redes sociais.

Best of luck to all the candidates to host EMA and EBA.
Whatever the outcome, the real winner of today’s vote is EU27. Organised and getting ready for #Brexit.

— Donald Tusk (@eucopresident) 20 de novembro de 2017

Presidente da República admite limitações portuguesas

O Presidente da República sempre considerou “muito limitadas” as hipóteses do Porto acolher a sede da EMA, após a eliminação da candidatura portuguesa na primeira ronda de votação.

“Acho que a candidatura foi muito bem apresentada, mas as hipóteses, sempre achei que eram muito limitadas”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas à saída da conferência “O poder da Educação na conquista da Igualdade”, que decorreu esta segunda-feira tarde na Gulbenkian, em Lisboa.

Questionado sobre se o Governo esteve bem na gestão deste dossiê, o chefe de Estado considerou que o executivo “fez o que podia e devia ter feito no quadro existente, mas sabendo que havia grandes limitações”.

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“Porque havia equilíbrios e que se tornaram mais evidentes pela saída de outras candidaturas que podiam ter feito uma dispersão de votos”, justificou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, se tivesse sido Lisboa a candidata o desfecho seria igual, uma vez que “havia equilíbrios no quadro europeu em relação às várias agências que tornavam muitíssimo difícil à partida, quer para Lisboa quer para o Porto, a vitória”.

“Mas, fez-se o que se devia fazer. Não deu, não deu. Não é uma desilusão porque também nunca tive expectativas excessivas”, sublinhou.

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