Cidadãos acolhem requerentes de asilo e questionam política migratória

Cidadãos acolhem requerentes de asilo e questionam política migratória
De  Isabel Silva
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Desde setembro de 2017 que existe na capital da Bélgica uma rede de voluntários que apoia requerentes de asilo enquanto estes não recebem resposta das instituições públicas: alimentação, dormidas em casa privadas, roupa, etc.

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Com o desmantelamento do campo francês de Calais, deslocaram-se para Bruxelas centenas de requerentes de asilo que fogem da guerra e da perseguição em países como o Sudão, Eritreia ou Afeganistão.

Desde setembro de 2017 que na capital belga existe uma rede de voluntários que lhes dá apoio enquanto não recebem resposta das instituições públicas: alimentação, dormidas em casa privadas, roupa, etc.

"Quando o pai nos falou disto pedimos para pensar porque é um desconhecido, "entre aspas", que entra em casa, mas aceitámos rapidamete", disse Charlotte Gilis, membro de uma família que acolheu requerentes de asilo.

"Na nossa casa vivem seis pessoas: o casal, dois pequeninos e dois jovens. Para acolher alguém temos que pedir aos mais crescidos para cederem o quarto. Eles dormem juntos e, assim, damos o outro quarto a quem vem a nossa casa", explicou o pai de Charlotte, Dimitri Gilis.

A plataforma "Refugiados de Bruxelas" tem cerca de quatro mil voluntários que oferecem dormidas por alguns dias, evitando que os requerentes de asilo durmam na rua ou que sejam detidos pela polícia.

"Esta jovem acabou por se interessar em saber mais sobre a política migratória e perceber o que se passa noutros sítios. Penso que isso é genial, é o mais bonito desta dinâmica", disse Mehdi Kassou, organizador da plataforma, em referência a Charlotte Gilis.

A família Gilis tem refletido sobre a controversa política de quotas para redistribuição de refugiados na União Europeia. Em dois anos foram recolocados menos de um terço dos refugiados previstos devido à pouca colaboração de vários países.

"No final das contas há uma grande hipocrisia. Por um lado, diz-se que devemos acolher as pessoas que precisam mas, por outro, há pouca solidariedade entre os países europeus e são os países de entrada dos refugiados que ficam sobrecarregados", afirmou Dimitri Gilis.

O requerente de asilo que ficou na casa da família Gilis saiu do Sudão do Sul com duas filhas menores e passou por 20 países.

"Esta família é muito boa. Há pessoas muito boas em Bruxelas, muito simpáticas e que gostam de ajudar os outros", disse à euronews (anonimato mantido para proteção do refugiado e da sua família).

A lei internacional obriga os governos a acolherem requerentes de asilo vindos de países em guerra, como o Sudão do Sul, até que seja determinado se podem receber o estatuto de refugiados no país onde pedem proteção.

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