Copresidente do Grupo Verde no Parlamento Europeu acusa Viena de apoiar grupo de Visegrado
Ska Keller, copresidente do Grupo Verde no Parlamento Europeu, acusa Viena de falta de solidariedade e de apoiar o grupo de Visegrado.
A cerimónia de transferência da Bulgária para a Áustria da presidência rotativa da União Europeia realizou-se há três dias. A Áustria mantém o combate à imigração ilegal no topo da agenda política.
"De momento, parece que o governo austríaco está a tomar um dos lados, nomeadamente o lado dos países de Visegrado. Não está de todo interessado em qualquer resposta humanitária ou em qualquer resposta que reflita solidariedade dentro da Europa", acusa Keller.
Viena defende medidas como a construção de campos de contenção fora do território europeu e o fim dos apoios sociais para travar a chegada de migrantes ilegais à Europa e a permanência de candidatos de asilo. Para Sebastian Kurz, chanceler austríaco, "o modelo australiano deveria ser o principal modelo, porque conseguiu impedir que o país se afundasse". Kurz, acrescenta, "fui fortemente criticado por isso, mas agora o debate a nível europeu segue a mesma direção. Se existem centros fora da Europa, se existem os chamados centros de acolhimento, então já não faz sentido que os migrantes se arrisquem na perigosa jornada pelo Mediterrâneo".
O eurodeputado húngaro György Schöpflin diz que as medidas que Viena pretende adoptar são reconhecidas por muitos países como sendo a solução, mas que estes não querem admitir: "Julgo que todos nós já passámos pela sensação de saber que ainda somos poucos a estar certos. Penso que é o caso da Hungria e dos países de Visegrado neste momento. Já desde o início, em 2015, que dizemos que esta não é a solução. As fronteiras de Schengen devem ser protegidas e o sistema de Dublin deve ser aplicado. Agora, mais países sentem que essa é a solução, mas não vão admitir que a Europa central estava certa nesta questão".
Porém, para a copresidente do Grupo Verde, a migração ilegal não passa de uma tentativa de camuflar outros problemas existentes: "Será que temos uma Europa democrática em mente? Temos uma Europa social em mente? Ou temos uma Europa de medo, com fronteiras fechadas, onde o interesse nacionalista prevalece e onde se desconfia dos vizinhos? No final, é disto que se trata. Muitos governos, incluindo o austríaco, estão a usar a migração para encobrir todos os outros problemas. Por exemplo, estão a fazer cortes nos apoios sociais. Mas, ao falarem de migração o tempo todo, estão a tentar deixar outras questões escapar".