Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos

Gerald Knaus: A UE tem de saber lidar com os migrantes

Gerald Knaus: A UE tem de saber lidar com os migrantes
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notícia Comentários
Partilhe esta notícia Close Button
Copiar/colar o link embed do vídeo: Copy to clipboard Copied

Gerald Knaus, considerado o mentor do "Plano Merkel", o acordo sobre refugiados assinado pela UE e Turquia, é o convidado desta edição do Insiders

Lembra-se dos refugiados que, em 2015, entraram na Europa através da Rota dos Balcãs? Os migrantes voltaram a este caminho mas agora a Europa não os deixa entrar e eles estão parados, à espera na Bósnia.

Sobre esta situação, a euronews entrevistou Gerald Knaus.

O especialista em migração é considerado o mentor do "Plano Merkel", o acordo sobre refugiados assinado pela UE e Turquia. O conselheiro político, que cresceu na Áustria, é o fundador e presidente da European Stability Initiative (ESI), um “think-tank” com sede em Berlim.

euronews: Gerald Knaus, obrigada por estar connosco. Vimos na nossa reportagem que os migrantes estão a seguir uma rota diferente nos Balcãs Ocidentais para chegar à Europa. Isto é uma consequência do endurecimento da política de migração dos países europeus?

Gerald Knaus: Todos os países balcânicos afirmam que fecharam as fronteiras. A Áustria diz que fechou as fronteiras. Mas, de alguma forma, isto não é verdade. De onde vieram os sírios, iraquianos, iranianos, afegãos e paquistaneses, que chegaram à Alemanha? Entram por um lugar desconhecido, que não aparece na televisão, com muito dinheiro envolvido e pago aos contrabandistas.

euronews: Está a dizer que o que vimos na fronteira croata com os guardas, que às vezes recorrem à violência, é uma imagem para os media?

Gerald Knaus: Não acho que seja uma fotografia para os media, mas é óbvio que todos os países europeus querem enviar a mensagem para as pessoas que ainda não estão a caminho de que é quase impossível entrar. No entanto, a verdade é que aqueles que conseguiram chegar a Bihac, que já atravessaram cinco ou seis fronteiras internacionais e estão a apenas 300 quilómetros da Áustria, não serão dissuadidos pela polícia Croata.

euronews : E a Organização Internacional para as Migrações diz que está a devolver as pessoas aos seus países de origem...

Gerald Knaus: Sim, e está a devolver as pessoas também da Grécia e todos aqueles que querem desistir e que percebem que os contrabandistas podem estar a mentir. Talvez seja uma boa opção. Mas enquanto tivermos, como vimos no primeiro semestre deste ano, mais de 90.000 pessoas a chegar à Alemanha, com sucesso, vai continuar a informação de que ainda é possível chegar à Europa Central. E isso significa que é provável que as pessoas que fizeram uma jornada muito difícil para chegar à Bósnia, que estão muito perto do destino final, a maioria delas, não vá desistir.

euronews: Vimos na nossa reportagem que muitas pessoas não tiveram a possibilidade de pedir asilo, independentemente do facto de serem migrantes económicos ou refugiados de guerra. É legal impedir que as pessoas peçam asilo?

Gerald Knaus: No último ano, muito poucas pessoas pediram asilo na Croácia, o que é de assinalar. No primeiro semestre de 2018, só pediram asilo cerca de 400 pessoas, o que significa que nem as autoridades croatas nem a maioria dos migrantes que atravessam a Croácia parece ter interesse em que se peça asilo no país. Os migrantes ficam temporariamente parados na Bósnia ou passam pela Croácia e, através da Eslovénia, chegam a países mais ricos, como a Áustria, e a Alemanha.

euronews: Para terminar, qual é a sua previsão em relação à migração para a Europa nas próximas décadas tendo em conta que, provavelmente, os conflitos vão continuar e a pobreza também. e tendo em conta as mudanças climáticas.

Gerald Knaus: A tendência das últimas décadas mostra-nos que um grande número de entradas é raro. Aconteceu depois da guerra na Síria, em 2015, e também tivemos três anos de passagens em larga escala da Líbia para a Itália. Mas o número médio de pessoas que atravessou todo o Mediterrâneo, nas últimas décadas, por dia, é inferior a 300. A Europa deve ser capaz de lidar com estes números, tratar os que chegam de forma humana, responder a pedidos de asilo de forma justa e rápida e devolver aqueles que não precisam de proteção. Mas a Europa não está a ser eficaz nas suas tarefas com este número baixo de chegadas. Se, no futuro, houver crises ou guerras imprevisíveis, os números vão subir novamente e temo que, à luz da situação atual, a União Europeia não esteja preparada.

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhe esta notícia Comentários

Notícias relacionadas

Sérvia recebe ajuda da Hungria para controlar fronteira

França depois dos atentados de 2015

A questão central das eleições alemãs é a transição energética