Poderá Itália contribuir para abrandar a austeridade na UE?

Poderá a disciplina de ferro na aplicação do chamado pacto orçamental (Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação) da União Europeia suavizar-se em breve?
O ressentimento com as medidas de austeridade é visto como um dos motivos para o aumento da extrema-direita nas eleições europeias, sobretudo em países do sul da zona euro, como França e Itália.
O vice-primeiro-ministro nacionalista italiano, Matteo Salvini, quer rever as regras do Tratado, o que é pouco provável, segundo um analista.
"Obviamente ninguém vai mudar o tratado. Até porque a Alemanha e os países da Liga Hanseática querem que se mantenha este rigor. O problema de Matteo Salvini é que ele é um exemplo muito mau do movimento anti-austeridade, porque o seu governo tem mostrado que, mesmo gastando mais dinheiro, a economia continuou a piorar", explicou, à euronews, o analista político Daniel Gros, do centro de estudos CEPS.
Os críticos da austeridade também se encontram noutras correntes ideológicas, como os socialistas e os verdes. Estes últimos aumentaram significativamente a sua representação no Parlamento Europeu, sendo a segunda força na Alemanha, um país tradicionalmente defensor de austeridade.
Mas a sua estratégia não passará pelos nacionalistas, acrescenta Daniel Gros: "Temo que a Itália esteja isolada e que vá permanecer isolada porque sua política não leva a lugar nenhum. Talvez aumente a frustração em Itália. Salvini vai levantar a voz, mas ninguém lhe vai dar ouvidos".
Dificilmente o governo de Roma contará com outros aliados nacionalistas nesta batalha, até porque alguns são de países de fora da zona euro como é o caso da Hungria e da Polónia.