UE é "incoerente" na defesa de direitos humanos, acusa Amnistia
A União Europeia tem dois pesos e duas medidas quando se trata de pressão diplomática contra países que atacam os defensores dos direitos humanos, acusa a Amnistia Internacional.
Por exemplo, é muito mais branda e silenciosa com a Arábia Saudita do que com a China ou a Rússia, países aos quais faz mais críticas, revela um relatório da organização dos direitos humanos, divulgado quarta-feira.
No momento em que a comunidade internacional se reúne na Assembleia-Geral da ONU, a Amnistia Internacional pede maior coerência diplomática ao bloco.
"Vimos muitas abordagens inovadoras nas quais as delegações da União Europeia apoiaram os defensores dos direitos humanos, comparecendo aos seus julgamentos e pedindo a libertação dos que estão presos. Queremos ver mais ações dessas. No que se refere às diretrizes da União Europeia sobre defensores dos direitos humanos, pedimos que sejam totalmente implementadas e que haja uma abordagem muito mais ousada", disse Eve Geddie, diretora da delegação para a União Europeia.
Além da China, Rússia e Arábia Saudita, o relatório também analisou a situação no Burundi e nas Honduras, ao longo dos últimos cinco anos.
O caso do Brasil
Aqueles que defendem as mulheres, a comunidade LGBTQI, os povos indígenas e o meio ambiente estão particularmente em risco.
Hannah Neumann, uma das vice-presidentes da subcomissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu, está de acordo com o relatório e chama a atenção para o novo governo populista brasileiro.
"Vamos agora analisar o tratado União Europeia-Mercosul, que inclui o Brasil, e não entendo que não se exijam salvaguardas sobre direitos humanos e ambiente neste acordo comercial. O que vejo é interesses nacionais específicos e egoístas de alguns Estados-membros em relação a algumas áreas, e isso inibe a União Europeia de adotar uma posição comum", explicou a eurodeputada ecologista alemã.
Vários defensores dos direitos humanos no Brasil foram nomeados por grupos políticos do Parlamento Europeu para o Prémio Sakharov de Liberdade de Pensamento de 2019, que será concedido em dezembro.