Uma corrida Planetária

O SARS-CoV-2 é a causa da COVID-19, a doença respiratória que desencadeou a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial. E é o vírus que o mundo inteiro está a tentar derrotar. Com a rápida propagação da pandemia, a ciência, a política e as empresas estão a correr contra o tempo para encontrar uma vacina ou um tratamento contra o novo coronavírus.
Vacina
A descoberta de uma vacina pode ser a única forma de acabar com a propagação da pandemia do coronavírus. Os cientistas, os políticos e as empresas dizem que estão a fazer tudo o que é possível para a fabricar. Um grupo de voluntários começou o processo de testes em humanos, em Seattle, apenas algumas semanas depois da epidemia alastrar rapidamente.
A Organização Mundial de Saúde diz que existem mais de 40 potenciais vacinas. Há cerca de cem em desenvolvimento, mas apenas um grupo está a ser testado clinicamente.
A forma mais recente e inovadora de atacar o Covid-19 é com uma vacina que manipula uma parte do vírus conhecido como ARN.
Marie- Paule Kieny, diretora do Instituto de Pesquisa INSERM, sublinha que o ARN pode ser sintetizado em grande escala em laboratório, e é por isso que está a ser utilizado nesta primeira vacina para a qual estão em curso ensaios clínicos. "Outras vacinas são baseadas no ADN viral ou em outros vírus que foram debilitados, que não produzem doenças e nas quais podemos incluir informação genómica do vírus Covid".
Existem mais de trinta empresas e instituições académicas em todo o mundo que tentam diferentes abordagens para encontrar a grande arma contra a COVID-19.
Na Alemanha, a CureVAC utiliza a chamada molécula mensageira - mRNA - numa vacina que deve estar pronta para os testes clínicos em Junho.
Thorsten Schüller, porta-voz da empresa biofarmacêutica, explica que em causa está uma forma de instruir o organismo a produzir a sua própria vacina. "Só damos informações ao corpo. É uma abordagem totalmente nova na medicina".
A potencial vacina esteve nas primeiras páginas da imprensa internacional quando um jornal alemão avançou que o Presidente Donald Trump tinha oferecido mil milhões de dólares para garantir a vacina exclusivamente para os Estados Unidos.
Thorsten Schüller demente a notícia e garante que o objetivo da CureVAC é desenvolver uma vacina para todas as pessoas em todo o mundo. "São os políticos da área da saúde quem tem de decidir como distribuir uma vacina".
Tratamento
Enquanto o mundo espera por uma vacina, milhões de pessoas podem precisar de tratamento. Investigadores e médicos começaram a testar combinações, por vezes controversas, de medicamentos para tratar os infetados. Mas até agora não existe cura.
Em Marselha, as pessoas com sintomas semelhantes aos do Covid-19 fazem fila no Instituto Hospitalar Universitário. O hospital oferece-se para testar e tratar os doentes.
Didier Raoult, microbiologista e chefe do departamento de doenças infeciosas do Hospital, convenceu milhares de pessoas - incluindo o Presidente dos EUA - de que um medicamento barato e facilmente produzido contra a malária pode tratar a Covid-19.
Os produtos em questão são a cloroquina e hidróxido de cloroquina. Raoult anunciou resultados promissores numa pequena amostra de doentes no final de Fevereiro.
No entanto, muitos na comunidade científica são críticos e cépticos.
Para Marie- Paule Kieny destaca que, neste momento, a prova de que o hidróxido de cloroquina é eficaz é extremamente fraca ou mesmo inexistente.
Do outro lado da fronteira, em Itália, os médicos do Hospital San Raffaele de Milão estão a utilizar o mesmo cocktail de medicamentos impulsionado pelo Professor Raoult em Marselha para tratar os doentes com coronavírus.
Em declarações à Euronews, Fabio Ciceri, diretor do Hospital, disse que não existe um protocolo a nível nacional. No entanto, sublinhou que a Agência Italiana de Medicamentos deu instruções sobre a utilização de medicamentos e que todas as as drogais utilizadas no hospital são conhecidas.
A pandemia poderia ter sido evitada?
Em 2015, Bill Gates deixou o alerta. O bilionário e filantropo Bill Gates falou sobre o risco de uma nova pandemia na sequência de duas grandes epidemias anteriores de coronavírus - a SARS (síndrome respiratória aguda grave), em 2003, e a MERS (Síndrome Respiratória do Médio Oriente) em 2012.
Porque é que o mundo não ouviu?
Os especialistas culpam um sistema mais centrado nas oportunidades comerciais do que nas necessidades da saúde pública.
Hoje, cada combate ganho contra o vírus é motivo de celebração. Quando for encontrada uma cura e uma vacina, mesmo esta extraordinária pandemia passará à história.