As estratégias dos agricultores franceses para salvarem a produção

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De  Hans von der BrelieGuillaume Petit
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Nesta edição de Unreported Europe ouvimos os agricultores e os produtores que tentam escoar as mercadorias com os mercados fechados

Nesta edição de Unreported Europe vamos ouvir os agricultores franceses.

A Covid-19 está a abalar os velhos hábitos em todo o país e o vírus, que ainda não está controlado, perturba a livre circulação dos trabalhadores dentro da Europa.

Onde encontrar trabalhadores ? Como vender a produção? Estes são tempos difíceis para os agricultores europeus.

Trabalhadores sazonais

Cailloux-sur-Fontaines é uma aldeia próxima de Lyon. Mickael Bourguignon gere a exploração agrícola da família de 120 hectares. A empresa depende de trabalhadores sazonais da Polónia. Quando os países europeus fecharam as fronteiras para travar a Covid19, Mickael ficou, de repente, sem colaboradores.

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É por isso que a Comissão Europeia apela aos Estados-Membros para que facilitem a livre circulação dos trabalhadores sazonais.

"As fronteiras continuam fechadas, Talvez a situação mude dentro de algumas semanas. Mas é verdade, neste momento a nossa situação é problemática: temos falta de mão de obra e não podemos contar com os trabalhadores sazonais"

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Dorota Fuks é uma das trabalhadoras sazonais polacas que continua a trabalhar na exploração agrícola de Mickael.

"Depois, vamos precisar de muito mais pessoas para trabalhar aqui. A época das colheitas ainda agora começou. Normalmente precisamos de 30 a 35 pessoas. Hoje, somos apenas 15 pessoas e já temos falta de mão de obra"

Os trabalhadores polacos vivem em casas móveis junto às estufas.  Alguns chegaram antes do surto de Covid-19 e agora não podem sair e muitos estão na Polónia e não podem voltar.

O Governo francês pediu ajuda aos desempregados locais. 

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Dimitri Angelin é um deles. Normalmente trabalha na cozinha de um restaurante elegante de Lyon. Mas o restaurante fechou por causa do coronavírus.

"Decidi que em vez de ficar em casa a ver passar o tempo podia ser útil e fazer alguma coisa - Além disso, posso aumentar o meu subsídio de desemprego com o dinheiro que recebo pelo meu trabalho agrícola aqui".

A remuneração para ajudar os agricultores foi uma das medidas criadas para evitar uma rutura da produção alimentar. Cerca de 240.000 pessoas já pediram a ajuda. Michael Bourguignon continua preocupado. Diz que se tudo continuar igual nos mercados, é quase certo que vai ter de destruir a produção. E pede ao Estado francês para que baixe ou cance as taxas pagas pelos agricultores, pelo menos durante este período.

Apicultura

Em Saint-Alban-d'Ay, na região francesa do Ardèche, a pandemia atingiu uma profissão frágil. Neste momento, há apenas 75 000 apicultores em França. Nos últimos dez anos, desistiram da profissão 15.000 pessoas. E o coronavírus vai acelerar a tendência.

Aos 13 anos, Francis Gruzelle teve a primeira colmeia. Atualmente, representa 725 apicultores da região de Ardeche e Drome. Diz que o setor está à beira do colapso. Gruzelle escreveu uma carta ao ministro da Agricultura e perguntou o que vai ser feito para salvar a profissão.

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“ A covid-19 e as quarentenas estão a acabar com o trabalho de milhares de apicultores. São vítimas do mel não vendido e dos mercados fechados. É uma catástrofe (...) Para salvar os apicultores o governo deveria reduzir o IVA para metade, distribuir subsídios de açúcar aos apicultores, isentá-los das contribuições para a segurança social e lançar uma campanha para convidar os consumidores a comprar novamente mel ao apicultor local". 

Distribuição

Jérémy Beroud gere uma empresa agrícola familiar de 20 hectares, em Irigny. Antes da Covid-19, vendia em oito mercados da região de Lyon. De um dia para o outro criou um sistema de distribuição completamente diferente, através do telefone e das redes sociais. As pessoas encomendam caixas de entrega. Beroud e a sua equipa preparam-nas.

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“O encerramento dos mercados dos agricultores foi um choque brutal.Mas não havia tempo para ficar em modo de pânico e a câmara municipal estava recetiva. Compreenderam imediatamente que com o encerramento dos mercados dos agricultores eram necessárias diferentes logísticas para alimentar a população e que os produtores tinham de fazer o seu trabalho neste contexto economicamente difícil".

O primo de Jeremy estava habituado a conduzir camiões blindados cheios de dinheiro. Com a pandemia, começou a conduzir camiões de frutas e legumes.

Na região de Lyon, os presidentes de câmara e os produtores criaram uma rede de pontos de distribuição. Agora há menos pessoas juntas e um controlo rigoroso do distanciamento social.

Desde início do surto, as pessoas compram menos alimentos frescos. Corinne Barret dirige uma associação de bairro em Lyon que está preocupada com esta situação. Conta que os residentes preferem comprar produtos locais em vez de ir a um supermercado e que assim promovem o trbalho dos produtores.

Em França, a crise que chegou com a pandemia está a alimentar outro debate: Estarão os consumidores dispostos a pagar mais por produtos cultivados localmente? Os padrões de compra podem mudar, mesmo depois da Covid-19

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