Portugal vai apostar na gestão da crise social da União Europeia

Depois de ter recebido a batuta da Alemanha para a presidência rotativa da União Europeia, o governo português terá de provar os seus talentos de coordenação já no final de janeiro.
Durante a visita a Lisboa, terca-feira, Charles Michel disse que vai convocar em breve uma videoconferência dos líderes do Conselho Europeu sobre a crise da Covid-19.
Uma das prioridades do primeiro-ministro português, António Costa, deverá ser a distribuição o mais rapidamente possível dos fundos do novo orçamento da União Europeia, disse Nicoletta Pirozzi, analista de Assuntos Europeus no Instituto Affari Internazionali (IAI, Itália), em entrevista à euronews.
Nicoletta Pirozzi/analista IAI (Itália): Há a tarefa muito difícil que é gerir a crise, incluindo a vacinação em toda a Europa, decisões unilaterais sobre o possível encerramento de fronteiras e assim por diante. E, ao mesmo tempo, também tem de enfrentar as consequências económicas da crise com a implementação do Fundo Próximo Geração União Europeia. Atualmente, a prioridade é garantir que todos os Estados-membros apresentarão os planos de investimento em tempo oportuno e que haverá um processo harmonioso de aprovação na Comissão e no Conselho europeus.
Isabel Marques da Silva /euronews: A anterior presidência da Alemanha era de centro-direita, o governo português é de centro-esquerda e quer que uma das suas marcas seja melhores direitos sociais e laborais na Europa. Quais são as expectativas para a Cimeira Social, em Maio?
Nicoletta Pirozzi/analista IAI (Itália): Penso que este programa se concentrará muito na implementação do Fundo Próxima Geração União Europeia, em particular nas duas prioridades: inclusão digital, por um lado, transição climática, pelo outro. Penso que a cimeira de maio visa concretizar as medidas do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, adotado em 2017, e também tentar implementar o próximo plano da Comissão Europeia sobre a Europa Social, com enfoque específico no emprego, nos direitos sociais mas também na saúde, que será abordada especificamente no dimensão social.
Isabel Marques da Silva /euronews: Haverá muitas cimeiras: com os Estados Unidos, com a África e com a Índia. Qual é a relevância dessas cimeiras em termos de resultados concretos?
Nicoletta Pirozzi/analista IAI (Itália): A nível europeu, e especificamente para esta presidência, a ideia principal é fazer renascer o multilateralismo neste período difícil, tentando alavancar na nova posição da administração dos EUA. Por outro lado, tentará desenvolver o máximo possível de novas parcerias estratégicas com atores cruciais para a União Europeia.