EUA deverão pressionar Polónia a deixar carvão

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De  Isabel Marques da SilvaBrian Carter
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A dependência da Polónia do carvão é muito grande, gerando 75% da eletricidade consumida no país e causando altos níveis de poluição do ar, já que 33 das 50 cidades mais poluídas da União Europeia encontram-se na Polónia.

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"Ouro negro" é como se apelida o carvão retirado das minas na província da Silésia, no sul da Polónia. O país é o principal produtor deste combustível fóssil na União Europeia, cuja transição energética visa diminuir o uso destas fontes de energia em favor das renováveis.

Meio milhão de trabalhadores dependem desta indústria na Polónia, incluindo mais de 80 mil mineiros. Marcin Lichota, de 45 anos, trabalha há dez anos no setor e está preocupado com o futuro, já que o governo polaco promete fechar todas as minas do país até 2049.

"Todos estão com medo e questionam-se sobre se vão poder trabalhar aqui até à idade da reforma. A requalificação profissional será um problema. Todos gostariam de trabalhar com confiança e fazer planos para o futuro. Não querem sentir-se ameaçados a cada ano que passa, com medo de que as minas fechem", disse Marcin Lichota.

Níveis de poluição são muito altos

A pressão dos parceiros da União Europeia não é nova para o governo polaco, mas poderá aumentar com a chegada de um novo governo aos EUA.

O importante parceiro transatlântico quer uma política mais ativa contra as alterações climáticas, reduzindo as fontes de maior poluição como é o caso do carvão. Os sindicatos sabem que a União Europeia vai manter o atual curso.

"De certa forma, gostámos muito quando Donald Trump disse, claramente, que deveríamos preservar a indústria de carvão. Mas nem Trump nem Biden mudarão os objetivos da União Europeia de reduzir as emissões de dióxido de carbono até à neutralidade em 2050", referiu Bogusław Hutek, presidente da seção de mineração do sindicato Solidarnosc.

A dependência da Polónia do carvão é muito grande, gerando 75% da eletricidade consumida no país e causando altos níveis de poluição do ar, já que 33 das 50 cidades mais poluídas da União Europeia encontram-se na Polónia.

Os ambientalistas, como Patryk Białas, esperam que maior pressão politica internacional para reconverter o setor energético ajude a mudar este cenário mais rapidamente: "Será muito importante melhorar a política climática polaca, ser muito mais ambicioso e alcançar mais rapidamente os objetivos do acordo de Paris".

A questão do autoritarismo

Vejam o que está a acontecer por todo o lado, da Bielorrússia à Polónia e à Hungria, com ascensão dos regimes totalitários no mundo.
Joe Biden
presidente-eleito dos EUA

Um analista político diz que a influência da administração norte-americana dependerá, também, da relação que estabelecer com o partido Lei e Justiça, atualmente no poder, face às críticas recentes de Joe Biden sobre a violação do Estado de direito na Polónia.

"Vejam o que está a acontecer por todo o lado, da Bielorrússia à Polónia e à Hungria, com ascensão dos regimes totalitários no mundo", disse o presidente-eleito dos EUA durante a campanha eleitoral no final do ano passado.

"Espero que o governo Biden seja mais crítico. Talvez no início usem os canais diplomáticos para influenciar o governo polaco mas, se isso falhar, terão de fazer uma declaração pública para pressionar o atual governo polaco", argumentou Tomasz Pugacewicz, professor de Relações Internacionais na Universidade Jagiellonian.

A nível bilateral, os Estados Unidos também têm interesse na reconversão energética na Polónia, já que o governo tem planos para construir centrais de energia nuclear com base em tecnologia norte-americana.

Por outro lado, grande parte das verbas para essa reconversão virá do no Fundo de Transição da União Europeia, nomeadamente para reorientar a classe mineira para outras atividades profissionais.

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