"Estado da União": Regressou o "amigo-aliado" norte-americano

"Estado da União": Regressou o "amigo-aliado" norte-americano
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De  Isabel Marques da Silva  & Stefan Grobe

Stefan Grobe entrevistou o embaixador interino dos EUA na NATO, Douglas Jones, sobre os desafios de reposição militar norte-americana na era pós-Trump.

A videoconferência dos ministros da Defesa da NATO, esta semana, foi a primeira na qual participou a nova administração norte-americana do presidente Joe Biden. Para os europeus foi o regresso ao diálogo com pessoas amigáveis e com ideias semelhantes.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, realçou como esse entendimento é fundamental na decisão sobre a retirada das tropas ocidentais do Afeganistão, num momento em que aumenta a violência sectária.

"Fomos para o Afeganistão juntos depois dos atentados de 11 de setembro. Tomamos decisões em conjunto sobre como ajustar a nossa presença e também tomaremos a decisão em conjunto sobre quando será o melhor momento de sairmos", disse Jens Stoltenberg.

A NATO tem uma missão de dez mil soldados no Afeganistão, mas o ex-presidente Donald Trump decidiu retirar as tropas dos EUA até 1 de maio, depois de um acordo com os rebeldes talibã, algo que agora está a ser estudado pelo governo de Biden.

Este tema está em destaque no programa, tendo Stefan Grobe entrevistado o embaixador interino dos EUA na NATO, Douglas Jones.

Stefan Grobe/euronews: O presidente Biden agiu rapidamente no sentido de restaurar a imagem norte-americana na cena internacional e de “reconquistar a posição de liderança”. Como isso se desenrolará ao nível da NATO?

Douglas Jones/embaixador interino dos EUA na NATO: O presidente Biden está fortemente empenhado em reavivar as alianças dos EUA e a NATO está, efetivamente, no topo da lista. Os aliados da NATO enfrentam uma longa e crescente lista de ameaças. A NATO é, efetivamente, mais relevante do que nunca na sua história. Ainda temos uma Rússia agressiva, temos uma ameaça persistente do terrorismo, estamos a enfrentar ameaças em termos de ataques híbridos e cibernéticos e também enfrentamos desafios face a uma China cada vez mais assertiva. Portanto, os Estados Unidos, reconhecem que não podem enfrentar sozinhos todos esses desafios, como não pode qualquer outro aliado, de forma individual.

Stefan Grobe/euronews: Uma decisão controversa do antecessor de Biden foi a retirada das tropas das bases na Alemanha, que já foi arquivada. Ainda assim, está em curso uma revisão geral da presença militar dos EUA em todo o mundo. Sem antecipar essa revisão, qual é a importância de ter tropas dos EUA estacionadas na Europa, em particular na Alemanha, em termos dos interesses da segurança nacional dos EUA?

Douglas Jones/embaixador interino dos EUA na NATO: Como disse, esta revisão está em curso e é abrangente, não é apenas sobre a Europa, é sobre o posicionamento das tropas norte-americanas em todo o mundo. No entanto, a presença dos EUA na Europa continua a ser importante, porque os Estados Unidos estão empenhados no seu papel na NATO. Estamos empenhados na segurança transatlântica e esperamos que todos os aliados contribuam para essa segurança comum. Uma das formas através das quais os Estados Unidos fazem isso é mantendo as suas tropas na Europa.

Stefan Grobe/euronews: O assunto mais urgente da NATO, atualmente, é o aumento da violência no Afeganistão. Qual é a estratégia do presidente Biden para esse país?

Douglas Jones/embaixador interino dos EUA na NATO: Essa é uma discussão que está a ser feita entre os aliados da NATO, neste momento, e nenhuma decisão foi ainda tomada sobre o posicionamento da força dos EUA. Os EUA e todos os aliados da NATO estão empenhados em garantir que o Afeganistão não se torne novamente uma base para o terrorismo, o que poderia ameaçar os EUA ou qualquer um de seus aliados.

Stefan Grobe/euronews: Uma ideia é deixar uma pequena força de contra-terrorismo no Afeganistão, onde ainda existem membros dos talibã, da Al-Qaeda e do Estado Islâmico. Essa é uma opção credível?

Douglas Jones/embaixador interino dos EUA na NATO: Reconhecemos que o processo diplomático em curso é a melhor hipótese de chegar a uma solução duradoura no Afeganistão e todos os aliados apoiam esse posicionamento. Mas não foi tomada nenhuma decisão neste momento sobre as possibilidades de reposiconamento do destacamento.

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