Cimeira da NATO em Junho poderá definir rumo futuro. Os líderes europeus e não só terão que decidir o lugar futuro da NATO no quadro da autonomia estratégica europeia
A NATO atravessa um período de viragem e precisa de encontrar um novo propósito no futuro.
Esta a razão do encontro de chefes de estado e governo agendado para 14 de junho em Bruxelas.
O comité militar da NATO já está a preparar a cimeira na qual os líderes políticos terão que decidir se investem mais recursos na organização ou se adotam novas formas de cooperação.
"Para além das ameaças tradicionais e o terrorismo existem ainda atores regionais como a Rússia que são cada vez mais afirmativos, para além de ameaças híbridas e cibernéticas. Durante a pandemia algumas forças militares que integram a NATO cooperaram com a sociedade civil na gestão da emergência sanitária. Estamos igualmente a considerar o impacto das alterações climáticas do ponto de vista da segurança. A ferramenta militar não chega para enfrentar estes desafios. Temos que encontrar novas ferramentas através da cooperação com outras organizações internacionais como a UE que tem instrumentos complementares", afirma o tenente-general Roberto Nordio, representante militar italiano na NATO.
A União Europeia procura alcançar autonomia estratégica. Vinte e dois dos 27 membros do bloco integram igualmente a Aliança Atlântica. O risco é que uma das duas organizações possa ser demasiado grande.
"A cooperação entre a NATO e a UE não é simples. Mesmo assim já está operacional e, na minha opinião, é provável que siga um percurso difícil. Não há opção, porque é que um cidadão europeu iria gastar a dobrar para a UE e a NATO?", interroga o tenente-general.
Após 20 anos de presença, a NATO prepara agora a saída do Afeganistão.
A Aliança Atlântica retira-se de um país que ainda está longe de estar pacificado e que corre o risco de tornar-se num santuário do terrrorismo global.
"O empenho da NATO vai continuar mesmo após a retirada das forças militares através de uma parceria reforçada que ainda está a ser definida respeitando a soberania afegã", explica o representante de Itália na NATO.
No entanto, a União Europeia poderá preencher o vazio proporcionando auxílio financeiro através do aumento dos investimentos militares e económicos.