No Luxemburgo, Estados-membros voltaram a falhar consensos sobre medidas de médio e longo prazo para combater escalada de preços da energia
Desalinhados sobre as soluções para a crise energética, os ministros da Energia da União Europeia (UE) reuniram-se hoje de emergência no Luxemburgo, mas falharam mais uma oportunidade para encontrar um consenso sobre soluções de médio e longo prazo que compensem a escalada atual de preços.
Certo para já é o corte de impostos e ajuda do Estado para as famílias sob pressão.
A proposta da compra conjunta de gás, defendida por Espanha, ainda não convence por completo.
Claude Turmes, o ministro da Energia do Luxemburgo sublinhou "que o governo espanhol está a exagerar nas promessas."
A revisão do funcionamento do mercado na UE, apoiada por França e Espanha, é uma das grandes fontes que alimenta a divisão entre os 27.
Um grupo de nove países, incluindo a Alemanha, Irlanda e Países Baixos, argumenta que o aumento dos preços da energia é temporário e em vez das reformas defendem que a lógica do mercado livre é a melhor.
"Alterar o modelo atual traz riscos para a previsibilidade do mercado, para a competitividade e para a nossa transição para a energia limpa. Também porque o modelo de mercado atual garante a correspondência de oferta e procura em todos os momentos. Isso é muito importante na perspetiva de segurança de abastecimento", ressalvou a comissária europeia da Energia, Kadri Simson.
Outro objetivo de longo prazo passa por reduzir a dependência europeia do gás, apostando no setor da energia renovável.
Mas a própria decisão sobre quais as fontes de energia que devem ser consideradas "verdes" gera divisões.
A energia nuclear, defendida por França, começa a ganhar cada vez mais apoio como "energia limpa", apesar das preocupações com o lixo nuclear.
"O futuro mix energético tem de ser equilibrado. É preciso ter fontes de energia estáveis, como o nuclear, o gás como energia de transição e fontes renováveis. Mas acima de tudo tem de ser equilibrado. E o processo de descarbonização dever ser perfeitamente planeado", lembrou o vice-primeiro-ministro Chéquia, Karel Havlíček.
Manter os preços da energia sob controlo a longo prazo será um jogo de equilíbrio difícil para a União Europeia. Promete testar a paciência dos consumidores já neste inverno.