Filha de Alexei Navalny pede à Europa para enfrentar "tirania"

A filha de Alexei Navalny, o líder da oposição russa, apelou aos governos europeus para fazerem frente ao presidente russo Vladimir Putin e à "tirania."
Durante uma cerimónia no Parlamento Europeu, esta quarta-feira, Darya Navalnaya recebeu o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2021 em nome do pai.
No discurso que proferiu em Estrasburgo disse não entender porque é que "os que defendem relações pragmáticas com ditadores não abrem, simplesmente, alguns livros de história."
Navalnaya acrescentou que a "pacificação de ditadores e de tiranos nunca funciona" e sublinhou ainda que o prémio representa um "sinal para dezenas de milhões de pessoas, para cidadãos russos, que continuam a lutar por uma vida melhor no país."
Defendeu, igualmente, a libertação do pai, preso por acusações de violação de liberdade condicional.
Um preço - refere a família - que o ativista está a pagar por falar contra Putin.
"Isto pode ser o que se parece com um pesadelo para mim e para a minha família nos últimos tempos. Eu viajo para diferentes conferências e cimeiras, faço discursos em nome do meu pai enquanto ele está na prisão. Eu vou continuar a viajar, enquanto leio artigos sobre as condições horríveis em que o meu pai está preso. Não é como se houvesse muita coisa a fazer a esse respeito. Então, eu viajo e falo e ele continua preso", lamentou Navalnaya.
Voz crítica do Kremlin, Alexei Navanly tem lutado pela democracia, pela transparência e contra a corrupção na Rússia.
O chefe de gabinete da campanha do ativista para as eleições presidenciais de 2018 disse, em entrevista à Euronews, que Navalny se encontra bem de saúde, para já pelo menos.
Leonid Volkov acrescentou que este reconhecimento tem um sabor especial: "Ele reagiu dizendo que se sente não só muito honrado, como também sente muita responsabilidade porque esta é, provavelmente, a primeira vez que a luta contra a corrupção foi reconhecida como uma luta pelos direitos humanos, o que é na verdade. A luta contra a corrupção é uma luta contra os direitos humanos."
Observadores russos dizem que esta distinção não é sinónimo da libertação de Navalny.
No ano passado, o Prémio Sakharov foi atribuído à líder da oposição bielorrussa Sviatlana Tsikhanouskaya.
O marido, Serguei Tikhanovski, foi, esta terça-feira, condenado pela justiça bielorrussa a 18 anos de prisão por ter, alegadamente, organizado motins em massa.
O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento tem o nome de Andrei Sakharov, um físico russo que passou de herói soviético a dissidente.