Hungria é "autocracia eleitoral" declarou o Parlamento Europeu

O Parlamento Europeu aprovou, quinta-feira, uma resolução por grande maioria, declarando que a Hungria já não é uma democracia, mas um "regime híbrido de autocracia eleitoral".
De acordo com a relatora da resolução, Gwendoline Delbos-Corfield, a guerra na Ucrânia minou ainda mais a confiança neste Estado-membro.
"A guerra da Ucrânia teve uma implicação na forma como a Hungria se comporta no Conselho Europeu, ao lado dos outros Estados-membros. É um verdadeiro problema que enfrentamos ao nível da soberania da União Europeia, da sua segurança e da relação que temos com a Rússia", disse a eurodeputada francesa dos verdes.
"Temos uma grande preocupação sobre o facto da Hungria poder estar a minar a nossa posição, porque talvez esteja mais do lado de Putin e da Rússia ,do que do lado ucraniano", acrescentou Gwendoline Delbos-Corfield.
Enfrentando a inflação galopante como todos os países da União Europeia, a Hungria é o único país cujo plano nacional de recuperação pós-pandemia ainda não foi aprovado.
Estão congelados 5,9 milhões de euros, com a Comissão Europeia a exigir medidas para combater a corrupção com fundos europeus, entre outras medidas sobre o respeito pela violação do Estado de direito.
Fidesz critica "estigmatização"
Os representantes no Parlamento Europeu do Fidesz, partido no poder na Hungria, admitem que o impasse causa problemas ao governo do Viktor Orbán.
O primeiro-ministro prometeu criar um organismo independente contra a corrupção e apresentar nova legislação nessse sentido, na próxima semana. Mas Orbán tem sido muito próximo do presidente Putin, até porque o país também é muito dependente do gás russo.
"O que vemos é que enquanto decorre uma negociação construtiva entre a Comissão Europeia e o governo húngaro, a estigmatização, o incitamento e a criação de problemas estão a ter lugar aqui no hemiciclo. Aprovaram mais uma declaração a ditar ordens. Muito obrigado, mas não pedimos essas ordens", afirmou Kinga Gál, eurodeputada húngara independente eleita pelo Fidesz.
O Parlamento Europeu recomenda que todos os fundos da União Europeia destinados à Hungria fiquem bloqueados até que os problemas sejam retificados.
A Comissão Europeia tem poucos dias para apreciar a legislação que a Hungria vai aprovar. Depois caberá ao Conselho Europeu, que reúne os 27 governos, dar luz verde ou manter o bloqueio.