O presidente já se reuniu com o comissário da Justiça , Didier Reynders, e com o comissário do Mercado Interior, Thierry Breton.
A Comisão Europeia reatou o diálogo com o governo da Catalunha (região autónoma espanhola) recebendo o seu presidente, Pere Aragonès, esta semana, em Bruxelas, o que não acontecia há muitos anos, em particular depois da crise independentista.
"Vivemos um período de certo congelamento, também devido à atitude do governo espanhol, na minha opinião", disse Aragonès em entrevistas à euronews.
"Em qualquer caso, trabalhámos desde o início para gerar espaços de confiança com as instituições da União Europeia e para mostrar que a Catalunha está aqui para participar nas soluções para os desafios europeus", acrescentou.
Desde que Aragonès tomou posse, em maio de 2021, a relação entre o seu governo e o do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, tem vindo a melhorar lentamente.
A última vez que um presidente catalão se encontrou com um comissário europeu foi em 2015. A Catalunha realizou, então, um referendo que conduziu a uma "declaração de independência". Alguns membros do governo, incluindo o antigo presidente Carles Puigdemont, exilaram-se na Bélgica.
Vários outros separatistas, que permaneceram em Espanha, foram condenados a penas de prisão e mais tarde perdoados pelo governo.
Escândalo de espionagem Pegasus
Aragonès disse estar grato por a Comissão Europeia ter ouvido as preocupações catalãs sobre o recente escândalo do espionagem Pegasus, do qual ele foi vítima.
Um relatório do "Laboratório Citizen", divulgado em abril passado, revelou que o o software de espionagem tinha sido utilizado contra catalães, incluindo eurodeputados, legisladores e presidentes.
O chefe do serviço de informações secretas espanhol foi demitido devido as alegações de que a agência utilizava o software.
"Obviamente, uma questão como esta é complexa, não pode ser resolvida com uma reunião, mas com muito trabalho", disse Aragonès.
"Muitos de nós recorremos aos tribunais, mas é um processo lento. Mas para além destas questões, não tem existido uma política ativa de proteção do direito à privacidade e intimidade por parte das autoridades [espanholas] estatais", afirmou.
O presidente do governo regional já se reuniu com o comissário da Justiça , Didier Reynders, sobre espionagem cibernética, e com o comissário do Mercado Interior Thierry Breton, sobre a "contribuição que a Catalunha pode dar no quadro da soberania digital europeia".
Aragonès falou, também, de propostas para utilizar a língua catalã no Parlamento Europeu, dizendo que estava convencido de que serão apoiadas.
"A nossa esperança e o nosso trabalho serão dirigidos não tanto aos deputados europeus que representam estes partidos espanhóis - que são ativamente contra a utilização do catalão nas instituições da UE -, mas a muitos dos membros dos seus grupos parlamentares que não têm qualquer problema com a utilização do catalão. Estou convencido de que vamos obter este apoio", afirmou.