"Estado da União": O medo instalou-se na Europa?
A Rússia levou a cabo massivos ataques com mísseis contra cidades por toda a Ucrânia, esta semana, mas foi um único míssil que aterrou na Polónia que provocou uma tempestade diplomática.
O míssil atingiu uma aldeia na fronteira entre a Polónia e a Ucrânia, matando duas pessoas e causando o alarme nos países vizinhos da Ucrânia a ocidente. As suspeitas sobre quem estava por detrás do ataque caíram, primeiro, sobre a Rússia.
Mas à medida que surgiram mais dados sobre o incidente, políticos polacos e ocidentais disseram que a responsabilidade foi do sistema de defesa aérea ucraniano. Um trágico acidente. No entanto, o governo polaco instruiu os militares para aumentarem o nível de alerta das unidades-chave de combate.
O governo de Varsóvia reiterou o seu apoio à Ucrânia e a NATO também exonerou a Ucrânia de culpas, nas palavras de Jens Stoltenberg, o seu secretário-geral: "Deixem-me ser claro. Isto não é culpa da Ucrânia. A Rússia tem a responsabilidade última, pois continua a sua guerra ilegal contra a Ucrânia".
O incidente com este míssil suscitou receios de que um conflito mais vasto entre a NATO e a Rússia pudesse desencadear-se. Em particular no países da Europa de Leste, onde o sentimento anti-Rúussia é elevado, mas não apenas aí.
Um aumento dramático no uso de medicamentos antidepressivos revela que os problemas de ansiedade mais do que duplicaram em países como a Bélgica, França e Itália. Os dados são de um estudo entre 2000 e 2020, em 18 países europeus, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
A pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia, uma inflação vertiginosa e uma crise energética têm vindo a abalar a Europa, nos últimos anos. Para muitas pessoas, é difícil permanecer otimista quanto ao futuro.
Debatemos o tema com o autor do livro "Como funciona o medo: A Cultura do Medo no Século XXI", Frank Furedi, diretor-executivo do Colégio Mathias Corvinus de Brussels e professor emérito de sociologia na Universidade de Kent.
"Penso que o grande problema na Europa, neste momento, é o que eu chamaria de uma crise sobre o nosso propósito, o sentido da vida. As pessoas não estão realmente seguras sobre quais são os valores pelos quais devem viver e quais são os valores que devem transmitir aos seus filhos", disse o investigador.
"Quando não se tem realmente a certeza, quando não há diretrizes claras para o futuro, muitas vezes desorientamo-nos. E isto é expresso em formas de ansiedade que podem, por vezes, exigir medicação e são vistas como problemas de saúde mental. Mas eu defendo que o verdadeiro problema é o que lhe está subjacente, que é uma crise sobre o nosso propósito na vida", acrescentou Frank Furedi.
(Veja a entrevista na íntregra no vídeo)