Presidente do Parlamento Europeu promete travar "inimigos da democracia"

"Inimigos da democracia". É assim que a Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, classifica os implicados no escândalo de corrupção que está a abalar esta instituição da União Europeia (UE), desde sexta-feira.
Numa intervenção na sessão plenária, em Estrasburgo (França), segunda-feira, Metsola usou palavras duras para comentar o caso que envolve, entre outros, a eurodeputada socialista grega Eva Kaili, uma das suas vice-presidentes.
"Estes agentes malignos, ligados a países terceiros autocráticos, alegadamente transformaram em armas uma organização não-governamental, sindicatos, indivíduos, assistentes e eurodeputados num esforço para subverter os nossos processos. Os seus planos maliciosos falharam", disse Roberta Metsola.
"Os nossos serviços, dos quais estou incrivelmente orgulhosa, têm vindo a trabalhar, há algum tempo, com as autoridades policiais e judiciais nacionais relevantes para desmantelar esta alegada rede criminosa", acrescentou.
A presidente diz que foi lançado um procedimento contra Kaili para lhe retirar definitivamente o título e as funções de vice-Presidente do Parlamento Europeu, os quais já estão suspensos.
O grupo Socialistas e Democratas, de centro-esquerda, ao qual pertence à maioria das pessoas implicadas no escândalo, levou a cabo uma reunião de emergência.
Impacto na reputação da instituição
A líder da bancada, Iratxe García Pérez, disse à euronews que se devem demitir todos os implicados no escândalo: "Hoje é um dia negro para as instituições europeias e, claro, para o Parlamento Europeu e para a nossa família política. Mas podem estar certos de que manteremos o nosso claro compromisso de lutar contra a corrupção, de sermos transparentes e de tomarmos uma posição forte e firme".
Temendo o impacto na reputação de toda a câmara, uma eurodeputada alemã dos Verdes, Viola von Cramon-Taubadel, afirmou que não se deve tomar o todo pela parte.
"Não estamos todos no mesmo cesto. Penso que é importante dizer que há alguns indivíduos que, obviamente, por qualquer razão, estão dispostos a aceitar dinheiro e a ser corruptos. Mas, em geral, a maioria neste parlamento trabalha arduamente, os membros do parlamento trabalham pela causa política e não pelo dinheiro".
A presidente do Parlamento Europeu anunciou, num comunicado de imprensa, que vai lançar um processo de reforma para melhor escrutinar quem tem acesso às instalações e quem são os financiadores das entidades que pedem audiências com os legisladores.