UE como fortaleza contra migrantes em debate na cimeira

Rotas irregulares, por terra e mar, trouxeram para a União Europeia (UE), na última década, novos fluxos de pessoas que fogem do conflito e da perseguição política.
No pico da guerra civil na Síria, em 2015, mais de um milhão de refugiados sírios foram recebidos, tendo ficado famosa a frase da ex-chanceler alemã, Angela Merkel: "Penso que o podemos fazer!".
Apesar de também quase um milhão de pessoas terem pedido asilo, no ano passado, a maioria não reúne os critérios para receber proteção humanitária. São, sobretudo, migrantes económicos, que deixam países pobres e que procuram trabalho.
Áustria, Itália e Suécia são alguns dos Estados-membros que defendem medidas para travar a sua entrada, incluindo construir mais vedações.
Aumentar o repatriamento para países de origem estará, também, em foco no debate, durante a cimeira da UE, quinta-feira, em Bruxelas.
O líder do partido de centro-direita no Parlamento Europeu, Manfred Weber (Alemanha), defende essa linha de ação mais restritiva e dura: "Sejamos realistas, há decadas que, em Ceuta, em Melila, temos este problema na fronteira afro-espanhola. Também o temos na fronteira greco-turca, na fronteira búlgaro-turca".
"Depois, o presidente bielorusso Lukashenko também "atacou" a Polónia e a Lituânia, com esssa estratégia na fronteira. Portanto, ninguém quer ver a situação, mas se for necessário, então temos de fazer vedações e a Comissão Europeia deve estar pronta para o financiar", acrescentou.
Contra a Europa de vedações
Há vários Estados-membros contra essa ideia e que defendem que se devem criar mais programas de migração regular, porque precisam de pessoas para a sua força laboral.
O Pacto da UE de Migração e Asilo, proposto pela Comissão Europeia, em 2020, também propõe relocalizar migrantes de Itália e da Grécia, principais pontos de chegada à União, para outros Estados-membros.
Mas há paises que não os querem receber, nem financiar o processo de acolhimemnto.
Em vez de uma fortaleza, a UE deve manter uma atitude de abertura, defende uma eurodeputada alemã da esquerda radical, Cornelia Ernst: "Sou da parte leste da Alemanha. Vivi toda a minha juventude atrás de um muro, atrás de vedações".
"Se começarmos a financiar vedações com fundos da UE, não é apenas um "déja vu" para mim, mas também um passo atrás para a Europa, que não queremos dar", referiu.
Além deste tema controverso, os chefes de Estado e de Governo vão analisar o Plano Industrial do Pacto Ecológico, bem como a situação na Ucrânia.