Alto Representante para a Segurança e Política Externa da UE deu entrevista à euronews, no Parlamento Europeu.
Forjar e manter a unidade política entre os 27 membros da União Europeia (UE) em tudo o que diz respeito à invasão da Ucrânia pela Rússia "nem sempre tem sido fácil", admitiu Josep Borrell, Alto Representante para a Segurança e Política Externa da UE, quarta-feira, em entrevista à euronews.
A UE tomou medidas radicais e sem precedentes no último ano, muitas das quais implicaram negociações prolongadas e acaloradas.
"Nem sempre foi fácil, mas até agora temos conseguido" manter a unidade, disse o chefe da diplomacia da UE, depois da sua intervenção na sessão plenária no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França).
"Alguns (Estados-membros) queixaram-se, outros discordaram, mas no final, mantivemos a unidade de que precisávamos", acrescentou.
"Veneno de ação lenta"
Até agora, a UE aprovou nove pacotes de sanções contra a Rússia, com grandes impactos em vários setores do país, tais como exportação de combustíveis e banca, e congelamento de bens e proibição de entrada no bloco de muitos altos funcionários e membros da elite militar, política e económica.
Borrell defendeu a eficácia das sanções, descrevendo-as como um "veneno de ação lenta mas certeira" que está a criar grandes dificuldades orçamentais ao governo russo e a paralisar setores industriais críticos como a construção de automóveis e a aviação.
"Fizemos mais do que se pensava ser possível. Temos travado uma batalha diplomática também com o resto do mundo e teremos de fazer mais. Não estou a dizer que o fizemos mal até aqui, mas certamente não o fizemos suficientemente bem", disse o chefe da diplomacia da UE.
"A ajuda militar (à Ucrânia) tem de aumentar e chegar mais rapidamente. É o que eu pediria aos Estados- membros", afirmou Borrell.
A Rússia já destacou cerca de 300 mil soldados para lançar um ataque "se o tempo permitir". "Infelizmente, receio que vamos assistir a esta guerra por mais um ano. A situação não é fácil e é por isso que nós, europeus, temos de continuar a fazer mais do mesmo", acrescentou.
Enquanto Alto Representante para a Segurança e Política Externa, Borrell dá muita importância a negociações "por todos os meios" para obter um acordo de paz, baseado no respeito pela integridade territorial da Ucrânia e na Carta das Nações Unidas.
"Estas duas coisas não são contraditórias. (O presidente russo) Putin disse que tem objetivos militares a cumprir e que não está disposto a parar a guerra até os conseguir. Foi ele quem começou a guerra e é ele quem tem de a parar", afirmou.