Eurodeputada Kaili, acusada de corrupção, passa para prisão domiciliária

Eva Kaili foi, entretanto, destituída do cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu e suspensa do grupo de centro-esquerda
Eva Kaili foi, entretanto, destituída do cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu e suspensa do grupo de centro-esquerda Direitos de autor European Union, 2022.
De  Isabel Marques da SilvaMaria Psara
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A ex-vice-presidente do Parlamento Europeu era a última de cinco pessoas acusadas no processo a aguardar o julgamento na prisão, em Bruxelas.

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A eurodeputada grega Eva Kaili, acusada de corrupção, passará da prisão, em Bruxelas, para o regime de detenção domiciliária com pulseira eletrónica, na mesma cidade, decidiu a justiça belga, quarta-feira, na sequência de um pedido apresentado  pela sua equipa de defesa.

A ex-vice-presidente do Parlamento Europeu está acusada de participação em organização criminosa, corrupção e branqueamento de capitais, por alegadamente ter usado a sua influência política em troca de dinheiro para serem aprovadas decisões legislativas favoráveis aos governos do Qatar e de Marrocos. A eurodeputada clama inocência.

Kaili, 44 anos, da bancada de centro-esquerda Socialistas e Democratas, foi detida em dezembro passado e era a última de cinco pessoas acusadas no processo a aguardar o julgamento na prisão. 

"Eva Kaili sai da prisão de cabeça erguida e com dignidade, não confessou crimes que não cometeu e lutará pela sua inocência até ao fim", declarou o advogado grego, Michalis Dimitrakopoulos, à euronews.

"Foi uma decisão lógica, que demorou demasiado tempo a tomar", disse o advogado belga, Sven Mary.

Desde o eclodir do escândalo, foi decidida a transição para a prisão domiciliária com vigilâcia eletrónica para o ex-eurodeputado italiano, Pier-Antonio Panzeri (considerado o cabecilha do grupo), o ex-assistente parlamentar italiano e companheiro de Kaili, Francesco Giorgi, o eurodeputado belga Marc Tarabella, e o diretor de uma organização não-governamental, Niccolò Figà-Talamanca.

O eurodeputado italiano Andrea Cozzolino saiu de Bruxelas antes de ser detido e há um mandado de detenção com pedido de extradição que foi enviado às autoridades italianas (encontra-se em detenção domiciliária, em Nápoles).

Mais de 1,5 milhões de euros em dinheiro foram apreendidos pela polícia belga através de dezenas de buscas domiciliárias e a escritórios.

Kaili como "troféu"

No rescaldo do escândalo, Kaili foi destituída do cargo de vice-presidente e supensa do grupo Socialistas e Democratas, passando a ser eurodeputada independente e auferindo um salário mensal líquido de 7.146 euros. Contudo, como não pode deslocar-se para as sessões plenárias em Estrasburgo (França), o salário foi cortado para metade.

A sua equipa de defesa, composta pelo advogado belga Sven Mary e pelo advogado grego Michalis Dimitrakopoulos, tinha vindo a contgestar veementemente a  decisão de mater Kaili na prisão. Numa entrevista exclusiva à euronews, na terça-feira, Mary atacou a procuradoria por a manter atrás das grades como um "troféu".

"A Sra. Kaili é tratada como um símbolo, para dizer: "Mesmo que tenha um alto cargo, permanecerá na prisão". Isto é um aviso aos outros legisladores: 'Não cometam corrupção porque irão para a prisão por muito tempo'", disse Sven Mary.

A Procuradoria Federal belga recusou-se a comentar as acusações do advogado.

Não ficou claro se Eva Kaili vai para a mesma residência onde se encontra, em detenção domiciliária, Francesco Giorgi, o companheiro com quem tem uma filha de dois anos e partilhava casa.

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