Emily O' Reilly pede regras éticas mais rígidas nas instituições da UE

Provedora de Justiça Europeia, Emily O' Reilly
Provedora de Justiça Europeia, Emily O' Reilly   -  Direitos de autor  European Union, 2022.
De  Sandor Zsiros

Provedora de Justiça Europeia comentou escândalos de alegada corrupção em entrevista à euronews.

A confiança do público nos políticos é muito frágil e tem de ser preservada para se ter autoridade moral. Esta é a principal mensagem da Provedora de Justiça Europeia, Emily O' Reilly, na entrevista à euronews, depois do escândalo de alegada corrupção no Parlamento Europeu, que abalou a chamada bolha política de Bruxelas.

"As imagens eram bastante dramáticas. Vimos, literalmente, notas de euro em malas de viagem. Parecia que se estava a assitir a uma sátira com desenhos animados sobre corrupção. Foi muito dramático. Mas suponho que vemos agora que muitas regras e normas, que supostamente protegeriam o Parlamento contra a corrupção, e que existem em grande número, não são realmente aplicadas e monitorizadas. Suponho que, de certa forma, isto foi um escândalo ou um acidente que não tardaria a acontecer", explicou.

A provedora é também muito crítica em relação à forma como um alto-funcionário da Comissão Europeia aceitou viagens de avião pagas pelo governo do Qatar, com o qual negociava um acordo de aviação.

"Esse caso é extraordinário porque não estava em causa apenas o facto da União Europeia estar a desenvolver esta política de "céu aberto" com um país que iria beneficiar diretamente a companhia Qattar Air e as pessoas que estavam financiar os voos deste senhor. O facto é que todo o departamento e o seu diretor-geral conceberam os regulamentos nesta matéria e havia um claro conflito de interesses", afirmou.

O' Reilly considera que este caso deveria servir de exemplo para se criar um código de conduta rigoroso, incluindo o estabelecimento de um período mínimo para passar de funções públicas para funções no setor privado.

"Um eurodeputado que esteja a pensar deixar o cargo em maio, junho do próximo ano, quando forem as eleições para o Parlamento Europeu tem seis meses para terminar o seu trabalho, ir para casa, tirar férias, fazer as malas e procurar emprego. Portanto, seis meses passam rapidamente. Além disso, o novo ciclo legislativo, com a nova Comissão Europeia, ainda não começou e não há nada para fazer lóbi. Por isso, de certa forma, seis meses não são nada", argumentou.

(Veja a entrevista na íntegra no programa Global Conversation, na quinta-feira)

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