Scholz: "Europa não pode sentir-se intimidada pela Rússia"

Olaf Scholz discursou perante os eurodeputados na sessão plenária, em Estrasburgo (França)
Olaf Scholz discursou perante os eurodeputados na sessão plenária, em Estrasburgo (França)   -  Direitos de autor  Eric VIDAL/ European Union 2023 - Source : EP
De  Isabel Marques da Silva

Chanceler alemão defendeu, no Parlamento Europeu, que a União Europeia apoie a vitória na Ucrânia, reforme os seus mecanismos de decisão, se alargue e tenha um papel relevante na cena internacional.

A Europa não pode sentir-se intimidada pela Rússia. A guerra no continente foi central no discurso do chanceler alemão, Olaf Scholz,a 9 de maio, quando se celebra o Dia da Europa, na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França).

Para defender a importância da União Europeia (UE) num mundo geopolítico em mudança, o líder alemão insiste na necessidade de manter todo o apoio à Ucrânia, no sentido do país sair vitoriosa da guerra e no posterior esforço de reconstrução.

"Esta é uma grande oportunidade, não só para a Ucrânia, mas para toda a Europa! Porque uma Ucrânia próspera, democrática e europeia é a rejeição mais clara da política imperial e revisionista de Putin no nosso continente", disse Scholz.

Para que o bloco possa ter peso na cena internacional, o chanceler alemão defende uma reforma das regras europeias., no sentido de acabar com a votação por unanimidade em matérias de política externa e fiscal, passando para a tomada de decisões por maioria qualificada dos 27 Estados-membros.

"Aos céticos quer o dizer: não é a unanimidade, não é a aprovação a 100% de todas as decisões que cria a maior legitimidade democrática possível. Pelo contrário. É precisamente a luta pelas maiorias e alianças que nos distingue como democratas", afirmou.

Como a UE representa apenas 5% da população mundial, tem de se preparar para lidar com gigantes políticos e populacionais tais como a China , ainda por cima com um regime autocrático. Um mundo multipolar deve ser a prioridade, disse.

"Devemos garantir à Europa um bom lugar no mundo de amanhã. Um lugar não acima ou abaixo de outros países e regiões, mas em pé de igualdade com os outros, ao seu lado", explicitou.

Para tal Scholz defendeu que a UE deve celebrar novos acordos comerciais com blocos como o Mercosul e países como México, Índia, Indonésia, Austrália, entre outros.

Desafios no alargamento da UE

Optámos por uma Europa maior. Trata-se de garantir uma paz duradoura na Europa, após o momento decisivo criado pela guerra de agressão da Rússia.
Olaf Scholz
Chanceler da Alemanha

O chanceler sublinhou que a promessa de adesão que o bloco fez à Ucrânia, à Moldávia, à Geórgia e aos Balcãs Ocidentais não era uma questão de "altruísmo", mas sim uma questão de "credibilidade e bom senso económico", que deve estar à altura das elevadas expectativas que estabeleceu. 

Caso contrário, o bloco acabará por perder a sua "influência e carisma", deixando o processo de alargamento sem sentido.

"Optámos por uma Europa maior. Trata-se de garantir uma paz duradoura na Europa, após o momento decisivo criado pela guerra de agressão da Rússia", afirmou.

Scholz advertiu, no entanto, que a passagem dos quase 450 milhões de cidadãos que tem atualmente para os mais de 500 milhões que terá após o alargamento a Leste só será possível após uma reforma interna do funcionamento da UE.

"Uma UE alargada tem de ser uma UE reformada. Obviamente, o alargamento não deve ser a única razão para a reforma, mas deve ser o nosso ponto de chegada", afirmou Scholz.

Notícias relacionadas

Hot Topic

Saiba mais sobre

Guerra na Ucrânia