Opositores do regime de Putin debateram futuro da Rússia em Bruxelas

Mikhail Khodorkovsky, um dos principais opositores russos vive na Suíça e veio a Bruxelas
Mikhail Khodorkovsky, um dos principais opositores russos vive na Suíça e veio a Bruxelas Direitos de autor Euronews
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De  Efi KoutsokostaIsabel Marques da Silva
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Representantes da oposição e da sociedade civil russa pediram o apoio da União Europeia (UE) para ajudar a restaurar a democracia na Rússia do pós-guerra.

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Mikhail Khodorkovsky, um dos principais opositores políticos do presidente russo, Valdimir Putin, foi um dos participantes num debate, organizado por membros do Parlamento Europeu, quinta-feira, em Bruxelas, para analisar formas de redemocratizar a Rússia.

O antigo homem de negócios, que esteve preso oito anos antes de se exilar na Suíça, reconhece que é difícil aumentar a resistência ativa contra a guerra na Ucrânia junto da população que vive na Rússia, por causa da propaganda.

"Os russos acreditam que mesmo que esta guerra tenha começado por engano e seja errada, a Rússia não pode ser o lado perdedor porque isso levaria à desintegração do país", explicou Mikhail Khodorkovsky à imprensa.

"É uma mensagem muito forte da propaganda de Putin e, embora esteja completamente errada do ponto de vista da realidade, é absolutamente eficaz. Na cabeça das pessoas, a queda do regime de Putin é igual à desintegração da Rússia. Isto é o mais perigoso. Por isso digo muitas vezes que a desintegração da Rússia é uma ameaça por causa das ações de Putin no poder e não porque Putin perca o poder", acrescentou.

Lições da Perestroika

O antigo primeiro-ministro lituano, Andrius Kubilius, agora eurodeputado do centro-direita, acredita que a mudança de regime na Rússia pode acontecer a qualquer momento, até mesmo antes de um cessar-fogo na Ucrânia que leve a um processo de paz, que poderá ainda demorar.

Mesmo a elite política da União Soviética tinha o entendimento claro de que, se as coisas continuassem como estavam a correr no tempo de Brejnev, a União Soviética entraria em colapso muito rapidamente, pelo que as elites iniciaram a reforma da Perestroika.
Andrius Kubilius
Eurodeputado, centro-direita, Lituânia

"A Rússia, penso eu, está a chegar a um beco sem saída no seu desenvolvimento se as coisas não mudarem. E se alguém me perguntar se vejo sinais de possíveis mudanças, respondo dimplesmente: ninguém via sinais antes do início da Perestroika, em 1985", explicou o eurodeputado à euronews. 

"Mas penso que, nessa altura, mesmo a elite política da União Soviética tinha o entendimento claro de que, se as coisas continuassem  como estavam a correr no tempo de Brejnev, a União Soviética entraria em colapso muito rapidamente, pelo que as elites iniciaram a reforma da Perestroika", acrescentou Andrius Kubilius.

As reuniões de dissidentes do regime têm vindo a ocorrer em várias locais. Cerca de 70 representantes de movimentos da oposição e anti-guerra reuniram-se, em Berlim (Alemanha), em abril, para elaborar uma declaração que foi já assinada por 30 mil russos, em defesa do fim da guerra.

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