UE tenta que Kosovo e Sérvia retomem o diálogo

Líderes da Sérvia (esq), Aleksandar Vučić, e do Kosovo, Albin Kurti, ainda não se mostraram disponíveis para voltar a negociar
Líderes da Sérvia (esq), Aleksandar Vučić, e do Kosovo, Albin Kurti, ainda não se mostraram disponíveis para voltar a negociar Direitos de autor Andrew Medichini/AP
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De  Jorge LiboreiroIsabel Marques da Silva (Trad.)
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A União Europeia (UE) apelou aos líderes da Sérvia e do Kosovo para que fossem "mais razoáveis" e encetassem conversações "sem condições prévias".

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A reunião destina-se a abordar os últimos episódios de confrontos na região, e tanto a UE como os EUA receiam que a crescente tensão entre Sérvia e Kosovo possa ficar fora de controlo e pôr fim os progressos alcançados, no início deste ano, para a normalização das relações.

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, enviou um convite ao presidente da Sérvia, Aleksandar Vučić, e ao primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, para conversações diretas, em Bruxelas, que deveriam ter começado esta semana.

No entanto, o apelo ao diálogo foi ignorado até à data, uma vez que nenhum dos líderes confirmou a sua participação.

"O convite é uma oportunidade oferecida, tanto ao primeiro-ministro Kurti como ao presidente Vučić, para mostrarem que, apesar de tudo, podem tentar encontrar uma solução", afirmou, na segunda-feira, Peter Stano, porta-voz de Josep Borrell, na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia.

"Não se trata de agradar a Bruxelas. Trata-se do futuro europeu para as pessoas do Kosovo e da Sérvia. A falta de empenhamento terá, inevitavelmente, consequências para os cidadãos, tanto no Kosovo como na Sérvia. Esta é uma responsabilidade exclusiva dos dois líderes: o presidente Vučić e o primeiro-ministro Kurti. Não é responsabilidade de mais ninguém", acrescentou.

Sérvia não vê razões para reunir

O porta-voz disse que tem havido "comentários públicos muito pouco construtivos" nos últimos dias, numa referência ao facto do líder sérvio ter dito, aos jornalistas, que a reunião é "inútil" e "completamente sem sentido", nas atuais circunstâncias.

"Não tenho onde ceder mais, fá-lo-ia pela milionésima vez. Não tenho onde ceder, não tenho mais nada para ceder e ponto final. Kurti quer a guerra a qualquer custo. Ele cria um ambiente de constante provocação e conflito", disse Vučić, no domingo.

Entretanto, o primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti disse que ainda não decidiu se vai participar na reunião de Bruxelas e está à espera de receber mais informações sobre o estado dos três polícias kosovares que estão detidos na Sérvia.

As detenções, que o governo kosovar descreveu como "sequestros", são o último capítulo de uma série de episódios que aumentaram drasticamente a hostilidade entre a Sérvia e o Kosovo.

O caso das eleições locais

A tensão esclaou no final de abril, quando a etnia sérvia boicotou as eleições em quatro municípios do norte do Kosovo, onde são maioritários. Este facto levou a uma taxa de participação inferior a 3,5% e a apelos para que o escrutínio fosse repetido.

Apesar disso, as autoridades kosovares permitiram que os presidentes de câmara eleitos, que são de etnia albanesa, tomassem posse. Esta decisão provocou a indignação dos sérvios e confrontos com as forças de manutenção da paz da NATO (tendo alguns ficado feridos), que foram condenados pela comunidade internacional.

Vučić ordenou o envio de tropas para as fronteiras, ao mais alto nível de em prontidão de combate. Dias mais tarde, no meio de apelos ao desanuviamento, as forças sérvias detiveram três agentes da polícia do Kosovo, um incidente que permanece envolto em incerteza.

O governo sérvio alegou que os agentes tinham entrado ilegalmente em território sérvio com armas, mas  o governo kosovar disse que tinham sido "raptados" quando passavam "numa estrada do Kosovo utilizada por contrabandistas sérvios".

O Kosovo retaliou proibindo a entrada no território de todos os veículos com matrículas sérvias, uma questão altamente explosiva que, no passado, já tinha sido fonte de fricção na fronteira.

Estes acontecimentos levantam sérias questões sobre a viabilidade do Diálogo Belgrado-Pristina, um acordo mediado pela UE , obtido em fevereiro, com o objetivo de normalizar as relações e resolver questões de longa data, como as matrículas e a participação em organizações internacionais.

"O alto representante (Josep Borrell) e os Estados-membros da UE esperam uma atitude mais razoável por parte dos parceiros que aspiram a entrar na União Europeia", afirmou Stano, referindo a falta de medidas "significativas" para desanuviar a situação.

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"Ambos foram convidados e esperamos que venham (a Bruxelas) sem condições prévias. Encontrar uma solução é, antes de mais, do interesse da população do Kosovo e da Sérvia", afirmou o porta-voz.

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