Líder da Microsoft diz que a Inteligência Artificial pode controlar-se

Brad Smith, presidente da Microsoft
Brad Smith, presidente da Microsoft Direitos de autor Microsoft
Direitos de autor Microsoft
De  Christopher Pitchers
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A inteligência artificial não é uma ameaça existencial para a humanidade segundo o presidente da Microsoft, Brad Smith. Numa entrevista à Euronews, o executivo do gigante tecnológico afirmou que, apesar disso, ainda é necessário criar barreiras controladas por pessoas.

PUBLICIDADE

"Precisamos de travões de segurança que garantam que a inteligência artificial permanece sob controlo humano", afirmou Brad Smith, numa entrevista, em Bruxelas, na quinta-feira.

"Podemos fazer isso e este é o momento certo para nos juntarmos e descobrirmos como o fazer. Devemos fazê-lo a vários níveis, de modo a mantermos sempre esta tecnologia sob controlo. Penso que se o fizermos bem, reconheceremos que não se trata de um risco existencial", acrescentou.

O executivo da Microsoft falou à Euronews durante uma viagem à Europa, na sequência do início das negociações entre as instituições da União Europeia (UE) sobre como proceder com a Lei da Inteligência Artifivial - a primeira no mundo do seu género - que passou um importante obstáculo no Parlamento Europeu, no início deste mês.

Estabelecer prioridades

Smith afirmou que, até agora, a sua empresa tem sido "encorajada" pela legislação da UE, que regula a tecnologia emergente, mas que, no que diz respeito à governação global sobre a questão, será necessária uma maior colaboração para garantir que  não fica fora de controlo.

"É realista e, de facto, necessário procurar um nível bastante amplo de coordenação internacional sobre a regulamentação", disse o presidente da Microsoft à Euronews.

"Precisamos que os governos se unam e penso que a chave é começar por nos concentrarmos. Não tentem fazer 100 coisas ao mesmo tempo. Façam as oito ou dez coisas que são mais importantes. Estabeleçam prioridades. Criem um modelo, se quiserem, e depois comecem a expandir-se", referiu.

"E os governos estão concentrados desta forma e isso não é algo que vejamos normalmente. É por isso que penso que isto pode ser diferente e que há motivos para otimismo", disse.

Em maio, a UE e os EUA anunciaram planos para um código de conduta voluntário conjunto sobre Inteligência Artificial, um excelente exemplo de alguma da cooperação internacional que já está a acontecer.

Espero que um código de conduta voluntário se transforme num código obrigatório, o que será bom, mas é bom que seja correto antes de o tornar obrigatório.
Brad Smith
Presidente da Microsoft

Smith quer que mais países se envolvam e sugeriu que qualquer código de conduta deste tipo se tornaria provavelmente obrigatório no futuro, sublinhando, no entanto, que será importante garantir que funciona para todos antes que isso possa acontecer.

"Espero que um código voluntário se transforme num código obrigatório, o que será bom, mas é bom que seja correto antes de o tornar obrigatório", afirmou o executivo da Microsoft.

A Microsoft não se quer envolver na questão de Taiwan

A Inteligência Artificial ganhou destaque, este ano, em grande parte devido à cobertura generalizada relacionada com o ritmo acelerado a que se desenvolveu, incluindo software como o ChatGPT da OpenAI - que a Microsoft utiliza no seu motor de busca Bing.

As tensões geopolíticas também se tornaram visíveis no que diz respeito à tecnologia, uma vez que os EUA e, em menor grau, a UE, procuram travar as ambições da China neste domínio.

Não estamos, obviamente, envolvidos na defesa ou nas forças armadas, mas há certas áreas em que penso que o mundo fica mais bem servido se estivermos ligados uns aos outros, se as pessoas aprenderem umas com as outras.
Brad Smith
Presidente da Microsoft

O governo de Washington impôs, no ano passado, controlos de exportação às empresas sediadas nos EUA que fabricam chips para Inteligência Artificial e já está a ponderar outros. Se a isso juntarmos as preocupações sobre as intenções do governo de Pequim relativamente ao maior produtor mundial de semicondutores, Taiwan, as coisas não parecem simples para a Microsoft neste domínio.

"Para uma empresa como a Microsoft, 95% dos nossos negócios em todo o mundo são, de facto, nas democracias do mundo. É servir, apoiar e até defender as democracias do mundo", disse à Euronews.

"Mas também temos uma presença no resto do mundo. Não é tão alargada. Não estamos, obviamente, envolvidos na defesa ou nas forças armadas, mas há certas áreas em que penso que o mundo fica mais bem servido se estivermos ligados uns aos outros, se as pessoas aprenderem umas com as outras", acrescentou.

Os EUA ameaçaram o governo de Pequim com sanções invadisse Taiwain. O Presidente da Microsoft afirmou que, se tal acontecesse, a sua empresa deixaria aos líderes mundiais a tarefa de os orientar sobre os próximos passos a dar.

PUBLICIDADE

"Deixo que sejam os líderes governamentais a tomar a palavra e penso que iremos acatar a sua liderança quando e se enfrentarmos outras questões", disse Smith à Euronews.

"Hoje estamos a servir Taiwan. Estamos a servir a China - não de formas exatamente equivalentes. Vou ficar-me por aqui", concluiu.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Primeira cimeira global sobre segurança da Inteligência Artificial decorre no Reino Unido

IA lidera corrida aos empregos de crescimento mais rápido nos próximos cinco anos

Turistas invadem praias da Roménia