Desde que a começou a guerra na Ucrânia, o alargamento da União Europeia (UE) começou a ser mais debatido e deverá dominar boa parte da agenda de duas cimeiras na cidade espanhola de Granada: a da Comunidade Política Europeia, com 44 países, na quinta-feira, e a da UE, na sexta-feira.
Na mesma altura que aceitou a candidatura da Ucrânia, em junho passado, a UE tambem aceitou a candidatura da Moldova, que tem uma região separatista pró-russa. Já os países da região dos Balcãs Ocidentais estão na fila de espera há décadas. Mas alargar um clube que já sente dificuldades em se entender com 27 Estados-membros vai exigir reformas.
"Terá de haver uma reorientação das grandes prioridades de despesa na agricultura e na coesão. Porque, obviamente, se a Ucrânia entrar sem quaisquer alterações, irá consumir a maior parte do orçamento e isso não será aceitável para muitos Estados-membros. Por isso, terá de haver uma negociação difícil em termos de orçamento: quem paga, quem recebe o quê?", disse, à euronews, Fraser Cameron, analista do Centro de Política Europeia.
Ou seja, países como Portugal poderiam deixar de receber uma boa fatia de fundos porque a média de rendimentos per capita seria mais alta em relação aos novos membros, mais pobres.
Membros de primeira e de segunda classe?
Também deverá ser necessário que mais temas sejam votados por maioria qualificada, em vez de unanimidade, para evitar que vetos atrasem demasiado as decisões políticas.
Um relatório de peritos sobre o alargamento, pedido pelos governos da França e da Aemanha, propõe, ainda, criar diferentes níveis de integração, com progressiva adesão a várias políticas, mas a ideia mão é consensual.
"Temos de ter muito cuidado para não termos países de segunda classe na UE. Ouvi muitas conversas em Bruxelas sobre a ideia de ter países de primeira classe, talvez os países mais antigos, e os países mais recentes serem países de segunda classe. E isso é uma ideia muito má", afirmou Vlad Gheorghe, eurodeputado romeno liberal, em entrevista à euronews.
Apesar do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ter dito que até 2030 deveriam estar prontas as reformas, a Comissão Europeria e vários governos não querem ainda falar de datas.
O fim da guerra na Ucrânia, com os seus imapctos geopolíticos e finaceiros, é também determinante para estabelecer o ritmo de reformas, tanto nos atuais membros do clube como naqueles que estão na sala de espera.