Pela primeira vez, um Conselho da UE de Negócios Estrangeiros reuniu-se fora dos países do bloco. O local foi a capital da Ucrânia, num ato simbólico sobre as perpetivas de adesão do país. O alargamento da UE esteve em destaque esta semana e foi o tema da entrevista com Alexander Schallenberg.
"O compromisso de segurança mais forte que podemos dar à Ucrânia é a adesão à União Europeia", disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, na conferência de imprensa que encerrou o encontro, em Kiev.
Borrell é um dos maiores defensores de criar, rapidamente, condições para que Ucrânia, candidata desde apenas junho de 2022, possa entrar no bloco, apesar de estar em plena guerra de defesa contra a agressão russa.
Nem todos os governos dos Estados-membros da UE estão de acordo com esse aceleramento do processo ou, mesmo, com o alargamento rápido a países que estão há muitos anos na "sala de espera", tais como os da região dos Balcãs Ocidentais.
O alargamento da UE foi um tema central nas cimeiras em Granada (Espanha), esta semana, ao nível da Comunidade Política Europeia e da própria UE. Para o analisar em maior detalhe, Stefan Grobe entrevistou Alexander Schallenberg, ministro dos Negócios Estrangeiros da Áustria.
"O alargamento é o nosso maior e mais importante instrumento geoestratégico. Não se trata de um esforço burocrático. Já o demonstrámos no passado enquanto comunidade. Pensemos na adesão da Grécia, de Espanha ou de Portugal, nos quais salvaguardámos a jovem democracia. Por isso, o mesmo pensamento deve prevalecer agora. Mas não pode acontecer que alguns países estejam na via rápida e outros à margem. Penso que isso seria um erro geoestratégico e grave da União Europeia. Tem de continuar a basear-se no mérito. Não pode haver um atalho para uns e não para outros", disse o ministro.
Alexander Schallenberg recordou que no caso dos países da região dos Balcãs Ocidentais, foi adotado um compromisso em 2004, na cimeira da UE em Salónica, pelo que o melhor é adotar uma nova abordagem.
"Acreditamos que a integração gradual seria também a resposta para a Ucrânia. A questão é que temos de deixar para trás o pensamento binário: ou é zero, não é membro, ou é um, é membro de pleno direito. Esta abordagem revelou-se errada nos Balcãs. Vinte anos depois de Salónica, estamos num impasse. Estas pessoas estão frustradas, têm estado à espera, prometemos-lhes há 20 anos que poderiam fazer parte da nossa família. Não cumprimos a nossa promessa", disse.
(Veja a entrevista íntegra em vídeo)