Estamos no início de um novo ano, tempo de renovação, mas há muitos legados de 2023 que se estão a agravar, nomeadamente as guerras em Gaza e na Ucrânia. Em destaque no programa está a decisão sobre a adesão "parcial" da Roménia e da Bulgária ao espaço Schengen de livre circulação.
Na sequência do ataque ucraniano à cidade russa de Belgorod, a 30 de dezembro, o Kremlin respondeu com um dos seus mais fortes ataques de mísseis contra o país até à data. Por outro lado, a guerra em Gaza pode alastrar a países vizinhos como o Líbano, a partir de onde o grupo Hezbollah ataca Israel.
A União Europeia (UE) prometeu investir esforços diplomáticos e financeiros nestes conflitos. No entanto, dada a contradição entre a unidade em relação à Ucrânia e as divisões sobre Gaza, o bloco pode perder credibilidade na comunidade internacional, alertou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
"A posição clara e firme da Europa sobre a guerra na Ucrânia não é partilhada por muitos países do mundo, que nos acusam, imediatamente, de termos princípios de geometria variável, ou aquilo a que chamam "dois pesos e duas medidas". Penso que, a menos que fechemos os olhos e os ouvidos, é difícil não encarar esta contradição", disse Borrell, num seminário, esta semana, em Lisboa.
A nível interno, a UE está a tentar colmatar uma das suas muitas divisões, nomeadamente no espaço Schengen de livre circulação. O Conselho Europeu decidiu eliminar os controlos nas fronteiras internas aéreas e marítimas da Bulgária e da Roménia, a partir de 31 de março.
As discussões sobre uma nova decisão para eliminar os controlos nas fronteiras terrestres continuarão em 2024.
A Euronews analisou este género de "adesão parcial" concedida aos dois Estados-membros com Dragoș Tudorache, um eurodeputado romeno do grupo político Renew Europe (liberal).
"É algo parcialmente bom e parcialmente mau. Parcialmente bom, porque finalmente quebra o impasse que existe há mais de um ano, desde a decisão do Conselho de Justiça, em dezembro de 2022, e da análise inicial com veto da Áustria. Finalmente, vemos vontade do lado do governo austríaco de, pelo menos, negociar alguma coisa. Mas também é parcialmente negativo no sentido que uma parte muito importante desta decisão, que são as fronteiras terrestres - onde, de facto, o custo de não estar em Schengen mais se sente -, tanto para os cidadãos como para as empresas, na Roménia e na Bulgária, ainda permanece em aberto. E o pior de tudo é que continua em aberto e sem um calendário claro", disse o eurodeputado.
(Veja a entrevista na íntehra em vídeo)