Deixar o cargo de presidente do Conselho Europeu, que representa os chefes de Estado e de governo da UE, para ser candidato a eurodeputado é inédito, mas foi a opção de Charles Michel. Uma decisão que criou espanto e levanta questões jurídico-políticas, como explica o analista Doru Frantescu.
Além do anúncio de Charles Michel, a semana foi marcada por um apelo do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, que chamou a atenção dos seus homólogos na União Europeia (UE) de que não estão a ser suficientemente solidários com o apoio militar à Ucrânia. Com 17 mil milhões de euros, o seu país é o segundo maior doador de ajuda militar à Ucrânia, a seguir aos Estados Unidos.
Se a Europa quer evitar uma vitória russa, é melhor que os seus colegas assumam a responsabilidade, afirmou numa conferência de imprensa, esta semana, em Berlim (Alemanha): "Por muito importante que seja a nossa contribuição alemã, só por si não será suficiente para garantir a segurança da Ucrânia a longo prazo".
"Por isso, apelo aos nossos aliados na UE para que intensifiquem os seus esforços de apoio à Ucrânia. Em todo o caso, a entrega de armas à Ucrânia planeada pela maioria dos Estados-membros da UE até à data é demasiado pequenas", disse Scholz.
Outro tema que dominou a agenda, e que causou grande espanto nos corredores de poder em Bruxelas e nas capitais dos Estados-membros, foi a decisão de Charles Michel de se demitir de presidente do Conselho Europeu para ser candidato a um assento no Parlamento Europeu, nas eleições de junho.
Mas Michel considera que é uma decisão lógica, disse aos jornalistas: "Não ser candidato teria sido uma forma de fuga. Ser candidato significa assumir responsabilidades. Durante quatro anos, no centro do Conselho Europeu, participei em decisões fundamentais para 450 milhões de cidadãos europeus. Por isso, é normal ter de prestar contas, explicar as decisões e o que queremos para o futuro".
Doru Frantescu, diretor-executivo e fundador da plataforma de investigação EU Matrix, foi o convidado do programa para analisar o impacto desta decisão e explicou o embaraço que causa a seis meses das eleições europeias.
"A decisão desencadeou toda uma reação em cadeia que, como vimos, criou muita agitação em Bruxelas e noutras capitais europeias. A saída do cargo de presidente do Conselho Europeu deixa essa posição em aberto, teoricamente, durante cerca de seis meses. Trata-se de um momento muito difícil, muito complicado porque se segue às eleições europeias, quando os líderes europeus precisam de chegar a acordo sobre a composição da próxima Comissão Europeia, os próximos cargos de topo, mas também sobre a próxima agenda legislativa, as prioridades", disse.
(Veja a entrevista na íntegra em vídeo)