Quatro dias após a tentativa de assassinato, o estado de saúde do primeiro-ministro eslovaco continua a inspirar muitos cuidados, mas os piores receios "já passaram", afirmou este domingo o vice-primeiro-ministro do país. Atirador pode não ter atuado sozinho, informou o ministro da Defesa.
O estado de saúde do primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, continua a ser "grave", mas os piores receios "já passaram", disse este domingo aos jornalistas o vice-primeiro-ministro do país.
"Agora sentimo-nos todos um pouco mais relaxados", referiu o número dois do executivo eslovaco, acrescentando que "o prognóstico é positivo".
Fico, de 59 anos, foi submetido a duas horas de cirurgia na sexta-feira para remover tecido morto dos ferimentos de bala e ainda não está em condições de ser transferido para um hospital na capital, Bratislava.
O vice-primeiro ministro afirmou anteriormente que Fico tinha sofrido quatro ferimentos de bala: dois ligeiros, um moderado e um grave.
O ministro do Interior da Eslováquia disse que se um dos tiros "fosse apenas alguns centímetros mais acima, teria atingido o fígado do primeiro-ministro".
Fico foi baleado no abdómen quando cumprimentava os seus apoiantes após uma reunião do governo na quarta-feira, na cidade de Handlova, no centro da Eslováquia, num ataque que provocou ondas de choque em toda a nação profundamente polarizada da União Europeia.
O ataque de quarta-feira foi a primeira grande tentativa de assassínio de um líder político europeu em mais de 20 anos.
Analistas político afirmam que o tiroteio expôs um clima político cada vez mais divisivo, tanto na Eslováquia como em toda a Europa.
Fico, um veterano político, há muito que é uma figura polémica na Eslováquia e não só. O seu regresso ao poder, no ano passado, com políticas pró-Rússia, levou a que os seus colegas membros da União Europeia e da NATO receassem que abandonasse o rumo pró-ocidental do seu país, em especial em relação à Ucrânia.
Atirador pode não ter atuado sozinho
O suspeito do atentado contra o primeiro-ministro eslovaco pode não ter atuado sozinho, informou este domingo vice-primeiro ministro do país.
A possibilidade está a ser investigada pelas autoridades competentes na Eslováquia.
O número dois do governo eslovaco adiantou que poderá ter havido uma "terceira parte" envolvida no incidente "em benefício do perpetrador".
"A situação está a revelar-se ainda pior do que esperávamos", disse Robert Kalinak.
"Além disso, há outras indicações de que estes factos relativos ao ataque de quarta-feira foram discutidos num círculo mais alargado. Tudo isto é uma informação chocante e, para muitos de nós, seria muito mais fácil se pudéssemos falar apenas de uma pessoa."
Segundo informações da comunicação social eslovaca, o atirador é um antigo segurança de 71 anos, também poeta amador.
O homem acusado de tentar assassinar Fico vai permanecer atrás das grades até ao dia do julgamento, ordenou o juiz do Tribunal Especial da Eslováquia, no sábado, depois dos procuradores terem dito que temiam que ele pudesse fugir ou cometer outros crimes, se fosse libertado.
O suspeito pode recorrer da decisão para o Supremo Tribunal, mas até à data não foi publicada qualquer declaração sua ou de um advogado em seu nome.