A inflação está a descer e o desemprego está no nível mais baixo dos últimos 16 anos. Ainda assim, muitos espanhóis sentem que estão a perder poder de compra.
Carlos Moreno, mais conhecido como o Rei da Melancia, tornou-se popular em Espanha quando a inflação atingia os 15%. Mas quase dois anos depois, o seu supermercado de baixo custo, o La Trastienda, continua a atrair dezenas de espanhóis, apesar da recente moderação dos preços.
"As pessoas não estão a ganhar o suficiente, por isso temos de continuar a baixar os preços cada vez mais", diz Carlos Moreno.
A Espanha é uma das economias de mais rápido crescimento na Europa. Mas muitos espanhóis continuam a sentir o impacto do aumento do custo de vida.
"Quando se vê que um litro de óleo no supermercado custa 10 euros, pensa-se que ficámos todos loucos", afirma um cliente.
Os últimos dados mostram que o desemprego está a atingir o nível mais baixo dos últimos 16 anos. Há mais de 21 milhões de pessoas empregadas em Espanha.
Há mais pessoas a trabalhar em Espanha do que nunca e, apesar de a maioria dos espanhóis dizer que a sua situação é melhor do que antes, a economia continua a ser a principal preocupação dos espanhóis.
A dissonância entre as perspetivas económicas pessoais e familiares pode estar relacionada com a incerteza geopolítica.
"Passámos por uma pandemia, por uma quebra na cadeia de abastecimento. Passámos por uma guerra em solo europeu, que ainda estamos a viver, e agora temos eleições europeias que são mais decisivas do que nunca, diria eu. E penso que isto é óbvio para toda a gente", Jorge Galindo, diretor-adjunto da EsadeEcPOL.
Apesar dos bons dados sobre o emprego, a inflação continua a pesar sobre as perspetivas económicas dos espanhóis.
"Em Espanha, até ao ano passado, houve uma moderação salarial considerável, precisamente com o objetivo de manter os salários em níveis moderados para que a inflação não subisse mais. E enquanto a inflação abranda, há a perceção de uma perda de poder de compra", nota Galindo.
Apesar de ser a principal preocupação dos espanhóis, a economia mal entrou na campanha eleitoral.
"Mas penso que está presente na “procura política”, na mente dos eleitores. Acho que nas conversas entre a “procura”, nas conversas entre as famílias, nos bares, a economia tem estado presente. Então, a oferta política como um todo deve pensar se deve trazê-la mais para as conversas e o que ela propõe", acrescenta Galindo.
Para além do confronto entre os blocos de esquerda e de direita que dominou a campanha, os cidadãos vão provavelmente continuar a votar com as suas carteiras, porque, como diz o velho slogan que levou Bill Clinton à Casa Branca, “É tudo uma questão de economia”.