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Como é que a direita radical se vai dividir no Parlamento Europeu?

O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán e a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, dois dos principais rostos da direita radical na Europa
O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán e a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, dois dos principais rostos da direita radical na Europa Direitos de autor Andrew Medichini/Copyright 2024
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De  Vincenzo Genovese
Publicado a Últimas notícias
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Artigo publicado originalmente em italiano

Atualmente existem duas bancadas de direita radical, mas estão em cima da mesa várias hipóteses, desde juntarem-se num supergrupo político a estilhaçarem-se em vários pequenos grupos.

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A bancada dos Conservadores e Reformistas Europeus (CRE) juntou os partidos ultraconservadores e alguns de extrema-direita no anterior mandato. A do Identidade e Democracia (ID) foi sempre mais conotada com a extrema-direita, mas desde as eleições de 6-9 de junho que se multiplicam negociações para definir o posicionamento político dos eurodeputados eleitos por partidos desta ideologia.

Os cenários da direita

A mais recente teoria que circula nos corredores políticos de Bruxelas é que poderá haver quatro grupos: os atuais CRE (83 deputados) e ID (58 deputados) e duas novas formações ainda em gestação.

Cada grupo precisa de ter pelo menos 23 eurodeputados eleitos em, pelo menos, sete Estados-membros da UE, um limiar difícil mas não inatingível.

Por exemplo, o partido alemão Alternativa para a Alemanha parece estar a fazer pressão, com base nos seus 15 representantes no Parlamento Europeu, para a criação de um novo grupo com partidos soberanistas tais com os polacos do Konfederacja e outros parceiros de pequena dimensão: os espanhóis do Se Acabò La Fiesta (três deputados) e os romenos do Sos (dois deputados).

Delegações muito pequenas permitiriam atingir o limiar dos sete países necessários: os dois eurodeputados eslovacos da Hnutie Republika, o grego da Nikè e o húngaro da Mi Hazánk também fariam parte.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, tem feito contactos com o CRE para que os eleitos pelo seu partido, Fidesz, se voltassem a juntar a essa bancada. Mas, agora, parece estar em condições de formar um partido próprio, com forte tração nos países de leste.

Essa bancada incluiria os eslovacos do Smer (partido do primeiro-ministro Robert Fico e que foi expulso dos Socialistas e Democratas), os checos do Ano, que acabam de abandonar o Renovar a Europa (liberais), e os eslovenos do Sds, que teriam de abandonar o Partido Popular Europeu (centro-direita, o maior do Parlamento).

Estes quatro partidos garantiriam, por si só, o número mínimo de deputados europeus necessários, enquanto que o limiar dos países de origem poderia ser atingido graças à entrada de deputados de partidos que ainda não estão filiados: há alguns da Grécia, Chipre, Bulgária, Letónia, Lituânia, Chéquia e Eslováquia.

Em todo o caso, a divisão da direita radical em diferentes grupos não amortece necessariamente o seu impacto no equilíbrio do Parlamento. Para além da questão da guerra na Ucrânia e da concessão ou não de ajuda militar ao governo de Kiev, as forças desta área política são bastante consensuais em relação a vários temas: uma linha dura contra a imigração irregular, oposição às medidas do Pacto Ecológico e a qualquer integração adicional da UE que possa reduzir os poderes dos Estados-nação. Podem estar divididos em diferentes bancadas, mas estarão prontos a votar unidos.

O futuro dos conservadores e reformistas europeus

O equilíbrio de forças da extrema-direita também afeta o destino do grupo CRE (83 eudeputados), que se tornou a terceira maior bancada, depois de incorporar cinco membros do partido romeno Aur (os liberais passaram de terceiro para quarto lugar).

A reunião constitutiva do CRE, prevista para a manhã de 26 de junho, foi adiada para a tarde e entretanto cancelada depois de os membros do Partido Lei e Justiça polaco (PiS) - o segundo maior partido do grupo - não terem comparecido em número suficiente, sinalizando divisões quanto à futura direção do partido.

Espera-se que o grupo volte a reunir-se a 3 de julho.

De acordo com fontes parlamentares consultadas pela Euronews, estão em curso discussões entre as duas principais delegações do grupo, o Fratelli d'Italia, com 24 eurodeputados, e o polaco Lei e Justiça (PiS), com 20.

O principal problema diz respeito à presidência da Comissão Europeia, que, segundo o acordo negociado entre as três principais famílias políticasdo Parlamento (PPE, socialistas e liberais), continuará a ser confiada a Ursula von der Leyen.

A bancada do CRE poderia apoiar a candidatura da atual presidente em troca de uma vice-presidência forte na Comissão Europeia, ou, em qualquer caso, de uma pasta importante para o futuro comissário italiano. O partido polaco, por outro lado, opõe-se firmemente a von der Leyen.

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De um modo mais geral, os membros do CRE parecem estar a debater-se com um dilema na estratégia para próxima legislatura: aumentar ou não a cooperação com o Partido Popular Europeu ou, pelo contrário, manter as posições mais extremistas típicas da direita radical.

No caso de surgirem outros grupos à direita do CRE, será mais difícil para as bancadas de centro-dirieta, centro-esquerda e liberais aplicarem um "cordão sanitário" em relação à extrema-direita.

Enquanto algumas delegações são claramente a favor da hipótese de colaboração, como os Fratelli d'Italia e os Democratas da Suécia, o PiS ainda está a discutir a linha interna. De acordo com fontes parlamentares, não é de excluir que o partido polaco abandone o grupo.

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